Ser adulto envolve fazer escolhas, e isso é assustadoramente difícil. Optar por um caminho é consequentemente deixar outro para trás e enquanto não se escolhe, vive-se com a possibilidade. Mas a vida exige escolhas, e a pressão social pode lhe fazer escolher o caminho mais “prudente”, não necessariamente o mais feliz.
Com o passar do tempo (que por sinal parece passar mais rapidamente conforme envelhecemos), sentimos a necessidade, senão desespero, em fazer as escolhas certas. Refletimos se estamos onde imaginávamos em nossos sonhos ou se continuamos naquele emprego temporário ainda esperando pela oportunidade de finalmente fazer o que queremos. Mais um dia de trabalho sem motivação e novamente o sonho é adiado pelo medo de arriscar...
Chega um momento em que o que era para ser temporário torna-se cômodo e já serve para pagar as contas e sair de férias, então, pra que arriscar? Pouco a pouco, o indivíduo vai perdendo a vontade de recomeçar e perde a coragem de dizer não ao comodismo. Largar o emprego é loucura. É preferível uma monotonia certa a um prazer incerto. E mais um dia nos arrastamos até o trabalho, contando os dias para sexta-feira e invejando os que amam o que fazem.
Milan Kundera em “A insustentável leveza do ser” sugere que há uma certa leveza em se fazer o que não gosta. Fazer aquilo que nos dá prazer é um fardo muito pesado, pois nos cobramos demais. No entanto, apesar do peso, a satisfação pelo resultado do trabalho obtido é extremamente gratificante e o fardo torna-se leve ao seguir o caminho que se quis, não aquele que foi obrigado.
Existe uma diferença entre viver e sobreviver. Trabalhar somente por obrigação é sinônimo de sobrevivência e leva a problemas de saúde a longo prazo, como depressão, transtorno de ansiedade e distúrbios psicossomáticos. É nesse momento que o sonho grita do fundo da alma e exige uma escolha. O “não” à sobrevivência é o “sim” à vida. Ter a coragem de sair de um ambiente onde você não se sente bem é conquistar a liberdade para seguir outro caminho que você talvez tenha planejado durante tantos anos.
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Psicóloga - Renata Seren