Na última cerimônia do Globo de Ouro, as artistas norte-americanas vestiram preto para apoiar o movimento “TimesUp”, uma iniciativa para enfrentar o assédio sexual ocorrido nos ambientes de trabalho, além de defender a ideia de igualdade de direitos, oportunidades e remuneração para as mulheres, que ainda precisam lutar pelo seu espaço no mundo corporativo. O movimento ainda inclui a arrecadação de um fundo de defesa legal para apoiar homens e mulheres que foram assediados em seu ambiente de trabalho. Mas, afinal, o que é assédio?
O assédio, que pode ser moral ou sexual, é um conjunto de atitudes que expõem alguém a situações humilhantes e constrangedoras em seu local de trabalho. O desrespeito de um diretor da empresa para com um funcionário, a desvalorização da competência do colaborador e insinuações sexuais para com um colega de trabalho caracterizam esse agravo relacionado ao trabalho.
A verdade é que todos estão sujeitos ao assédio moral no trabalho, porém o sexual é muito mais comum em mulheres. Imagine trabalhar em um local onde você recebe menos por ter nascido mulher, ser desqualificada por não saber fazer serviço pesado e ainda receber “cantadas” do seu chefe. Se para os homens já é difícil ser xingado por não ser competente o suficiente, imagina para as mulheres ainda correrem o risco de serem abusadas.
Ao contrário do que muitos pensam, o feminismo defende a igualdade de direitos. Apesar das lutas feministas terem se iniciado no final do século XIX e início do XX com a luta pelo direito ao voto, as mulheres ainda precisam lutar para se posicionarem no mercado de trabalho. A diferença salarial é frequentemente justificada pelo fato de que a mulher pode engravidar e prejudicar o andamento do serviço. Mas e os homens? Não podem a vir se machucar no ambiente de trabalho e necessitarem de afastamento, também prejudicando a produção?
A sociedade (ainda) é patriarcal. Os meninos não podem chorar e devem ser os “chefes” da casa, enquanto as meninas devem ter filhos e não uma profissão. Assim, a ideia de cultura inclinada ao machismo é ensinada, ainda que inconscientemente, desde cedo por meio de brinquedos infantis, onde as meninas brincam de casinha e os meninos dirigem carros. Quando é que realmente conseguiremos desconstruir a ideia de que capacidade tem a ver com gênero? Time’s Up! O tempo é agora!
Psicóloga - Renata Seren