PROSA RÁPIDA

Depois de pronto, o poeta fica demoradamente lambendo a cria: o poema. O desejo dele é sempre fazer algo com músculos de poesia. Certa vez, li que o poeta não faz poesia, é poesia ou não é poeta. E o texto terminava assim: “É muito bom pegar certas palavras, já muito usadas, engravidá-las, para que no contexto adquiram nova virgindade”. Então, passei a entender que não há temas esgotados para se fazer um poema. Há, sim, homens esgotados diante de certos temas. Os  poemas que fazem parte da coluna de hoje, dedico-os aos leitores.


Ponto de equilíbrio

O ponto de equilíbrio, às vezes, não está no meio.


Elas

Não há como deixar de lado o lirismo das palavras diante dessas duas personagens sempre de acordo: ela e a Lua.


Voo e queda

A leveza do branco se prolonga pela xícara, cuja asa leva o liquido aos lábios, enquanto uma alça, sem asa, despenca.


Luz e sombra

O sulco às costas do arranha-céu,
fruto da arquitetura abrasadora das suas colunas,
sobrepõe-se a qualquer classificação.
Algo monumental em um edifício,
que quer se meter entre luz e sombra.


Mais perto de Deus

Num livro estava escrito assim:
"Prefiro a mulher nua como Deus a fez,
do que vestida como os homens a complicaram.
Perto de uma mulher nua,
me sinto mais perto de Deus".


?

Nas férias escolares,
mandaram-me viajar.
Quando voltei, disseram-me,
que o meu cachorro, o Lobinho, fugiu (?).


Abraço

O abraço conversa com uma fluência irresistível,
diante daquilo que a tudo precede.


Nossas sombras

Não há como não me encantar,
quando a sua sombra esbarra na minha.
Ah, nossas sombras deveriam nos apresentar.


Corpo sem retoque

Nada mais autêntico,
do que o corpo sem retoque.


(Com)Corda?

Fios entrelaçados de forma circular,
permitem “nós” com a delicadeza de um laço,
e a firmeza da liga de aço.


Os sons das cordas do violão,
misturados aos do violino,
roçam as curvas do teu figurino.


Das tuas cordas vocais,
ouço e escuto sons graves e agudos:
êxtases entre ditongos e vogais.


O Defunteiro de Bebedouro

Este é o meu amigo Ângelo Rafael Latorre Daólio (O Defunteiro de Bebedouro). Como já escrevi outras vezes, a sua maior tristeza é nunca ter enterrado um escritor bebedourense. Fez que fez e acabou tirando uma foto comigo. Dia 12 de agosto nos encontramos em uma recepção. Só converso com ele quando está fora do horário de trabalho.


Poemas registrados na Agência Brasileira do ISBN (International Standard Book Number) - Ministério da Cultura - Fundação Biblioteca Nacional,
sob número 978-85-63853-54-7. Crédito das imagens: Google


Augusto Aguiar

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