Notas Literárias

Registro meus elogios à Biblioteca Pública Municipal de Bebedouro, Rua Brandão Veras, 509.

O local dispõe de um espaço físico amplo e acolhedor; por sinal, dentro dos critérios de qualidade total, organizadíssimo. Além disso, o cidadão recebe um excelente tratamento por parte daqueles que constituem o capital humano da biblioteca.


Até a década de 60, os jornais brasileiros mantinham o Suplemento Literário (nada a ver com Suplemento Cultural; neste, o lixo cultural divide o espaço com a Literatura). O Suplemento Literárioabrangia apenas a Literatura e continha a verdadeira crítica literária, aquela da escola francesa, escrita no rodapé dos jornais (crítica de rodapé). Wilson Martins, um dos maiores críticos literários do Brasil, dizia: "Através dela, o crítico opinava emostrava se o livro era bom ou ruim". Ou seja, elecolocava a cabeça a prêmio. Atualmente, esse tipo de crítica literária existe apenas nas universidades, não sai de lá. É a redação acadêmica.


Nos dias de hoje, os jornais e revistas trazem apenas a Resenha Literária que é meramente informativa. Oriunda dos Estados Unidos,ela apenas promove o livro, não faz a crítica. Dessa forma, o leitor abaixo da média -aquele que não lê com lucidez - vai engolindo tudo aquilo que as resenhas recomendam. Os livros de Paulo Coelho, por exemplo. Aliás, Paulo Coelho não é Literatura, é Sociologia.

Existe uma tradição de capas de livros com apenas o título, o nome do autor e os dados da editora sobre um fundo colorido.  Ela é de origem americana. Outra, com imagem, título, etc.é de origem francesa. Nos tempos atuais, os americanos também confeccionam capas à moda francesa e vice-versa.


Os Estados Unidos não se curvaram diante do colonizador. A literatura daquele país se chama Literatura Americana e não Literatura Inglesa. Interessante, não é?


O leitor poderá estranhar, mas foi Clarice Lispector quem iniciou o período estetizante da nossa literatura, aquele que foi o ponto de ruptura com o romance nordestino. Por quê? Simples: Perto do Coração Selvagem, primeiro romance de Clarice Lispector, é de 1943. Sagarana, de Guimarães Rosa, é de 1946.


Guimarães Rosa chamou para si a glória deter inaugurado esse período. Um engano que - salvo Antonio Candido e Sérgio Milliet - a crítica literária endossou. O romance de Guimarães Rosa fisgou a crítica devido às experiências linguísticas, apenas por isso.


"As experiências linguísticas de Guimarães Rosa têm importância como experiências linguísticas, mas não como criação literária". - afirmou o crítico literário Wilson Martins. E acrescenta: "Dizem que ele foi o nosso Joyce. Guardadas as devidas proporções, isso é verdade, mas só guardadas as devidas proporções".


Que fique claro uma coisa: Clarice não era boa romancista, mas excelente contista. Seus contos eram melhores do que os romances que escreveu.  Surge aí uma problematização, masoconceito final é esse mesmo. Difícil de crer, não é?  Não quero traçar parábolas críticas. No entanto, o leitor que lê nas entrelinhas sabe disso.


Nobéis da Literatura, o escritores Mario Vargas Llosa (2010) e Gabriel García Marques (1982) brigaram. Llosa deu um soco no rosto de García Marques. Este teria dado alguns conselhos "psicológicos" à mulher de Vargas Llosa. Como se vê, não deu certo.


"O Millôr é o cara que eu mais admiro. Para mim ele é o melhor intelectual, o melhor dramaturgo, o melhor tradutor; só não acho que ele é o melhor poeta porque era inteligente demais para ser poeta", disse o cartunista Jaguar, dia 30/07/14, na abertura da FLIP-Festa

Literária Internacional de Paraty, cujo homenageado foi Millôr Fernandes.


Pois é, Jaguar. Os seus cartuns, no estilo atemporal desse ramo da Arte, fazem abordagens críticas engraçadas. Fiéis à definição de cartum, alguns dos seus trabalhossão mudos; outros, não. Estes últimos contêm ingredientes no tom poético do humor, as legendas. Elasinspiraram várias pessoas a serem poetas. E aí?


Beba menos, Jaguar. Como você mesmo diz, foi corneado pelo fígado (cirrose). Agora, até onde sei, está sendo corneado pelas besteiras que fala e escreve atualmente. Faça uma regressão e volte aos bons tempos. Você é um passado legal, um presente medíocre e um futuro incerto.


Augusto Aguiar

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