Meus Poemas

O poeta não faz poesia; é poesia ou não é poeta. Além disso, o poeta não é apenas um versejador de dor-de-cotovelo. Achei bonita essa definição, embora não me lembre do seu autor. Às vezes, apenas algumas vezes, ouso escrever alguns poemas. Eles resistem, mas acabando pulando para o papel (ou a tela do computador). Eis alguns:


Teoria da Luz - O Poema da Física

A luz é o camaleão da Física. Ora comporta-se como um fluxo de partículas minúsculas (Teoria Corpuscular de Newton), ora como ondas (Teoria Ondulatória de Huygens). Depende das circunstâncias. Não existe Newton versus Huygens. Prefiro assimilar Newton e Huygens. Cada qual expôs uma Teoria da Luz plenamente aplicável a um Universo dinâmico. Resumindo: essas teorias são dois belos poemas da Física.


Psicanálise x Dogma

A Psicanálise causou

uma ferida no Dogma

que nunca mais

cicatrizou.


Freud

No divã lamentei

uma relação pulsional.

Freud me deu

um toque informal:

Acaricie mais

a matriz cortical.


O Pingo no Jota

Amável, dócil, assim era a minha primeira professora. Nunca a esquecerei.

Em casa, a tarefa da escola era a letra jota.

Meu pai, atencioso, encostado na porta, me ensinava:

-Pingue o jota.

Um dia, ele foi embora, mas sempre ficou comigo no pingo da letra jota.


Dois Pontos: Um Pacto Geométrico

O ponto, esse sinal sem definição, toca a vida na Geometria nessa anônima condição. Veste-se com roupas de axiomas. Despe-se de qualquer outra personalização.

O ponto, sinal da Ortografia e contido na norma legal, é uma pausa longa:

chama-se ponto final.

Duas retas, paralelismo perfeito, traem a Geometria e imitando a Ortografia, numa pausa longa, tocam-se no ponto final.

Simples e pronto: o geométrico e ortográfico, esses dois pontos, num acordo democrático, através de duas retas (as pernas femininas) terminam num só encanto.


Augusto Aguiar

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