Acordo Ortográfico Controverso

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor no Brasil a partir de janeiro de 2009, com período de transição até 31 de janeiro de 2012, foi prorrogado. A nova vigência obrigatória será em janeiro de 2016. Caso não seja adiada novamente, claro.

Até lá, as regras serão usadas em documentos oficiais e meios de comunicação. A adaptação contempla escolas, editoras, vestibulares e concursos.

Em 2013, as revistas especializadas republicarão os assuntos nevrálgicos inerentes ao tema. Dentre eles,  um fato novo: qual o motivo do controverso adiamento?

Os ministérios das Relações Exteriores, Cultura, Educação e Casa Civil são os artífices da prorrogação. Segundo eles, o Brasil não ficará isolado na implementação do Acordo. Subentende-se, então, que o governo não cogita modificações, apenas o adiamento por uma questão de alinhamento com Portugal. Este só adotou a nova ortografia em documentos oficiais em 2012, o Brasil em 2009.

No entanto, senadores e alguns setores da sociedade civil, o movimento Acordar Melhor é uma presença respeitada, defendem a revisão da lei ortográfica. Não basta somente adiá-la, mas revê-la. Esta é a inclinação da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado.

Numa possível revisão do Acordo, o custo das perdas e dos novos empreendimentos editoriais e didáticos serão enormes. A questão dos custos não pode ser tratada pelo princípio da insignificância. A conceituação não significa advogar a favor do atual conteúdo do Acordo.

Evanildo Bechara, gramático, um dos importantes idealizadores do Acordo, membro da Academia Brasileira de Letras e Coordenador da Comissão de Lexocologia e Lexicografia da instituição, prefere não dar voz aos que clamam por uma revisão. Entende que são poucos. Pergunto ao professor Evanildo Bechara:

- Senado e Sociedade Civil: representam quem?

Fernando Jorge, conceituado escritor, historiador, biógrafo, crítico literário, dicionarista,  jornalista e crítico ferrenho de Evanildo Bechara,  elenca uma das inúmeras incongruências contidas no Acordo: a questão do acento diferencial  nas palavras homógrafas (com a mesma grafia), por exemplo. "Quanta complicação.", diz ele. E acrescenta: "Vejamos agora a seguinte frase da manchete de um jornal: 'Crise mundial para o comércio'. Esta frase, por causa da reforma ortográfica, é ambígua. A crise parou o comércio ou apenas o ameaça?". Sacaram?


Oito países, um Acordo Ortográfico, gastos imensos e muita confusão. Apesar dos oito países signatários, o assunto já está virando um bicho de sete cabeças. Logo  estará com oito, nove...

Acordo ou Desacordo?  Por favor, senhores, deixem-nos escrever com prazer.


Augusto Aguiar

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