"Embora mantivesse alguns inimigos fiéis, todos - amigos e inimigos - queriam saber o que Wilson Martins pensava a respeito de tais e tais livros, de tais e tais autores" - definiu Flávia Rocha na revista República, título já fechado, edição de fevereiro de 1998.
Vejamos algumas opiniões de Wilson Martins:
* CLARICE LISPECTOR -- Referindo-se à geração de 1945: "...Mas assim como os primeiros poetas da geração de 1945 vinham aparecendo desde três anos antes, é em 1944 que surge, com Clarice Lispector, o seu primeiro ficcionista paradigmático, e com Perto do Coração Selvagem, claro ponto de ruptura com o 'romance nordestino', a novela que inicia uma idade nova das letras brasileiras. Não eram somente novos temas e novas técnicas narrativas, mas também, e sobretudo, um novo estilo e uma nova visão do mundo, logo percebidos em seu justo valor por alguns poucos críticos sensíveis, como Sérgio Milliet" ;
* EUCLYDES DA CUNHA - Afirma Wilson Martins : " O que importa é que, no seu tempo, ele haja conciliado a mais rigorosa informação científica disponível com a mais rigorosa concepção de estilo literário (quero dizer, a mais 'rigorosa' no interior do seu sistema estilístico próprio)";
* GUIMARÃES ROSA - O crítico explica: "...foi uma ilusão da qual os brasileiros ainda não se recuperaram. Ele não criou uma nova corrente, um novo rumo para a literatura brasileira " ;
* GILBERTO FREYRE - Sobre ele, comenta: " É certo que no plano científico , a obra de Gilberto Freyre corresponde à de Proust no plano romanesco, ambos empenhados na recuperação viva do passado morto. A casa continua a ser, nessas perspectivas, o centro de interesse ou a metáfora que configura toda a história social brasileira " ;
* MACHADO DE ASSIS -- Referindo-se a Memórias Póstumas de Brás Cubas: "Brás Cubas é um pico isolado, ladeado por dois vales do realismo, o primeiro, o francês, fundado na observação psicológica, o segundo, o afrancesado com contaminações inglesas, fundado na observação introspectiva" ;
* RAQUEL DE QUEIROZ - diz o crítico: "A autora recusa a idéia de ter sido influenciada pelo romance de José Américo de Almeida, mas foi com certeza A Bagaceira que lhe sugeriu escrever O Quinze sobre o tema das secas e dos retirantes" .
Ao comentar a História da Inteligência Brasileira, o filósofo Olavo de Carvalho escreveu : "...Mas, quando o que vai descrever é alguma rematada bobagem, alguma amostra da teratologia intelectual de que nossa história está repleta, aí toda opinião é suspensa, e a descrição, quanto mais fria, mais basta para fazer o leitor rir...ou chorar. Equilibrando-se num fio de navalha entre uma piedade que não deseja enfatizar o ridículo e um cinismo que o enfatiza por contraste, o estilo de Martins, nesses trechos, é mais que o de um grande crítico: é o de um artista da palavra".
Augusto Aguiar augusto-52@uol.com.br www.m-cultural.blogspot.com http://stilocidade.webnode.com