País de forte apelo religioso ao catolicismo, resultado das suas razões históricas, o Brasil renova a cada ano o ciclo das comemorações das festas juninas, todas atreladas a estes santos da Igreja Católica: Santo Antônio, São João e São Pedro.
Em uma das vésperas do dia de São João Batista, logo pela manhã, num dos Cafés da cidade, o jornalista e radialista Chico Senna e o empresário Casemiro Rasteiro conversavam com algumas pessoas. Os dois chamaram-me para o centro da roda. Gosto de conversar porque, assim, posso aprender com as pessoas, mas, naquele momento, vi minha ida ali como um grande erro.
Fizeram-me uma pergunta maledicente em tom de fofoca:
- Qual é sua religião?
- Católica Apostólica e Romana. Nela, sou Cursilhista. – respondi.
- Nos altares de algumas igrejas, a imagem de São João Batista está com a túnica acima de um dos joelhos. Em outras, além desse detalhe, exibe também uma parte do tórax desnudado, mostrando um corpo sarado, por quê? – perguntaram-me como se me interrogassem. E quando perguntam, o fazem com um quê detetivesco como se já soubessem a resposta.
Percebendo meu silêncio, o Chico Senna disse: “Escreve isso na sua coluna lá na Folha da Cidade, escreve.” E o Casemiro Rasteiro repetia: “Escreve sim, Guto. Esse assunto o João Negrini deixa você publicar”.
Jiddu Krishnamurti (1895-1986), pensador indiano radicado nos Estados Unidos, ensinava: “Quando outra pessoa diz algo novo, ficamos atrás de uma cortina de resistência. Não escutamos a voz de quem nos fala, mas nossas próprias vozes”. Ele é um dos grandes pensadores do século 20.
Naquele instante, contrariei Krishnamurti: enfiei-me atrás de uma cortina de resistência. Um tumulto de opiniões ocorreu entre eu e meus dois amigos. O diabo não estava lá, mas mandou-os como representantes. O jeito foi eu me arrancar dali. Hoje, recebi a conta do café que não paguei devido à minha saída precipitada do local. Junto com a minha conta, a deles.
Augusto Aguiar augusto-52@uol.com.br www.m-cultural.blogspot.com http://stilocidade.webnode.com