Ponto G: a matriz cortical

Em todas as edições deste jornal, meu endereço digital está grafado nesta coluna. Diante dessa possibilidade de contato, para eventuais tratativas a respeito de assuntos publicados, recebi um e-mail de uma leitora registrando um queixume contra o marido. Então, vejamos: “Meu marido ignora todos os investimentos que faço em meu corpo. Essa desatenção, da mesma forma, contempla meu incessante desejo de agradá-lo com um vestuário chique. Não sei mais o que fazer para despertar nele um maior interesse por mim. Será que não sou bonita? Esse colunista, na condição de poeta, poderia dar-me uma dica?”

Apesar do assunto ser afeto a um consultório sentimental, por uma questão de delicadeza, respondi:

“Prezada leitora. O que seria um ser humano (homem ou mulher) bonito para um amor romântico que se sustente definitivamente?

E continuei:

- Uma pessoa bonita para um amor romântico é aquela que consegue materializar a realidade psíquica da outra e vice-versa. Ou seja, deixando de lado o “excesso” de silicone, botox, roupas de grife etc., o ideal é um toque, um afago, na matriz cortical do outro. Ou seja, na subjetividade.


A meu ver, os investimentos que faz em seu corpo e em seu guarda-roupa – não que sejam desnecessários – mas, com certeza, deixam mais interessados em você seu cirurgião plástico, sua esteticista e as donas das butiques (esta é a grafia certa na língua portuguesa) de sua preferência.


A leitora poderá discordar de minha opinião. Caso positivo, deixo-lhe a seguinte pergunta:

- Por que, em alguns casos, o patrão transa com a empregada? Noutros, a patroa com outro qualquer? Por que John Lennon devotou todo seu amor à esposa Yoko Ono dentro de um relacionamento fechado? Por que, muitas vezes, mulheres belas escolhem parceiros feios? Por que um governante – que é um só – pode manter submisso o povo, que são todos? Por quê? Sacou, cara leitora?”


Augusto Aguiar

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