Quatro notas literárias

Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues nasceu depois de Freud. No entanto, se isso acontecesse antes, ele é quem seria o pai da Psicanálise.

Sua obra, por mais incrível que isso pareça, é um tratado sobre a Psicanálise. Como poucos, desvendou, através da Literatura, a matriz cortical do ser humano, seus nós existenciais, seus pesos psicanalíticos. Mostra-nos o lado obsessivo, materialista, adúltero, sádico, masoquista, do ser humano, entre outros aspectos.

Como exemplo, em sua crônica "A esbofeteada", um marido sonso, morno, conivente com os deslizes da esposa, a certa altura grita com ela: "Cínica, cínica" e dá-lhe uma bofetada.

Caída no chão, ela responde: "Esperei tanto por essa bofetada".

Não é todo mundo que gosta de receber bofetadas, mas tem pessoas que gostam. E a Psicanálise explica. Nelson também.


Villa-Lobos

O maestro Heitor Villa-Lobos foi um dos mais importantes e atuantes participantes da Semana de Arte Moderna de 1922. Nela, apresentou uma série de três espetáculos. Essa semana aconteceu em três dias: 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. Num desses dias, Villa-Lobos apresentou-se calçando chinelos. Motivo: estava com alguns calos incomodando Dizem que foi vaiado considerando as loucuras que os participantes da Semana traziam no campo das letras, música, pintura etc. Na verdade, ele não foi vaiado, apenas o público entendeu que aquilo poderia ser uma nova manifestação na Arte. Alguns participantes foram.


Biografia de Roberto Jefferson

No próximo dia 17, na livraria Travessa de Ipanema, Rio de Janeiro, será lançado o livro “Roberto Jefferson – O homem que abalou a república”, biografia não autorizada escrita pelo jornalista Cássio Bruno. Dentre muitas, uma das revelações tem a ver com o Mensalão: “Roberto Jefferson quis matar José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, seu maior inimigo político. Ele próprio me confessou na entrevista para o livro. Roberto, inclusive, viajou do Rio para Brasília, de jipe, com uma arma para não chamar atenção nos aeroportos", conta o jornalista.


Jornalista e escritor Zuenir Ventura

O jornalista e escritor Zuenir Ventura, colunista do jornal O Globo, autor, entre outros, do livro “’1968 - O ano que não terminou”, participou de um Salão de Ideias da Feira do Livro de Ribeirão Preto, edição de 2017. Nesse tipo de evento há um mediador que entrevista o convidado. Em seguida, passa a palavra aos presentes para que façam perguntas. Estive lá nesse dia.

Pedi a palavra, dirigi-me ao escritor e disse-lhe: “Farei uma pergunta subdividida em três partes”. Que nada, na realidade eram três perguntas diferentes e a mediadora do evento não percebeu isso. Na “terceira parte”, tentou caçar-me a palavra. Justificativa: o tempo era pouco. Mesmo assim, fiz a terceira pergunta. Se fosse mais esperta, teria me interrompido na segunda pergunta com a justificativa de que não tinha nexo com a primeira. Enfim, subdividir uma pergunta em três partes é necessário o nexo entre elas.

As perguntas eram interessantes a ponto do Zuenir Ventura (uma excelente pessoa) dizer-me: “Você sabe mais de mim do que eu próprio”. Infelizmente, vê-se que muitos mediadores de eventos dessa natureza pesquisam perguntas que já foram feitas. O ideal seria que saíssem do lugar comum, mas não saem. Parece que têm medo de perguntar algo novo.

Por outro lado, a revista editada com a programação da Feira do Livro de Ribeirão Preto, edição 2017, não continha a faixa horária do evento, apenas o horário do início. A mediadora do Salão de Ideias com Zuenir Ventura abriu o evento e não esclareceu quantas perguntas poderia fazer quem solicitasse a palavra. Não projetou o tempo de duração do evento. Num ambiente composto por pessoas ditas intelectuais, falhas dessa natureza não podem ocorrer. Jamais!!!


Os presentes ao evento são clientes do escritor. Uma mediação fraca coloca em risco a participação do autor. Respinga sobre ele as falhas daqueles que se propõem a mediar um evento dessa natureza.

A Direção da Feira do Livro de Ribeirão Preto, uma das mais importantes no gênero, precisa rever aspectos como esses.


Augusto Aguiar e o Escritor Zuenir Ventura

Augusto Aguiar e os Escritores Luis Fernando Verissimo e Zuenir Ventura


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