Há alguns anos, o eleitor em trânsito fazia a sua justificativa eleitoral –erroneamente chamada de voto em trânsito- nos Correios. Filas múltiplas no atendimento: uma para comprar, outra para preencher e outra para conferir e carimbar os formulários. Havia outros entraves, por exemplo: muitos eleitores retiravam o título e o dinheiro da carteira apenas no momento do atendimento. Multiplicando-se isso por 3000 eleitores - média de pessoas que justificavam o voto em Bebedouro - o tempo improdutivo tornava-se assustador. As filas eram enormes.
Na vida tudo é estatística. A agência dos Correios resolveu pesquisar e detectou esta realidade: desses 3000 mil eleitores, 65% estavam fora do seu domicílio eleitoral, mas residiam na cidade. Ou seja, apenas não haviam transferido o título de eleitor. Os restantes residiam fora e realmente estavam em trânsito por aqui.
Criou-se, então, uma estratégia. Vinte dias antes das eleições, a mídia (falada e escrita) passou a ser acionada. O eleitor fora do domicílio eleitoral, mas residente no município, era convidado a adquirir antecipadamente o formulário e levá-lo para casa, corretamente preenchido pelo atendente dos Correios. Aos poucos, essa sensibilização transformou-se em autodisciplina.
Assim, no dia da eleição, o tempo de espera na fila seria mínimo; as justificativas emitidas antecipadamente eram assinaladas com um xis e o atendente, ao recepcioná-las, sabia que estavam isentas de conferência. Bastava carimbá-las. Outros mecanismos foram atrelados ao processo de diminuir o tempo de espera na fila.
No dia das eleições, aproximadamente às 07h45min – o atendimento seria a partir das oito da manhã - um ingênuo repórter volante de uma emissora de rádio passou pela agência e constatou uma fila de mais de cem metros de extensão.
Dirigiu-se até a emissora e anunciou: “Fila quilométrica para justificar o voto nos Correios. Usuários serão penalizados com um grande tempo de espera na fila”.
Às 8h15min, ele foi aos Correios para fazer um link com a central de apuração da emissora. Espantou-se, a fila não estava mais lá. Entrevistou o responsável pela agência e obteve as informações a respeito do fato. No ar exclamou: - Pensei que...que...que....
Motinha, um cliente íntimo da turma dos Correios, estava por ali. Disse ao repórter:
- Pensou com a ponta da língua!!!
Augusto Aguiar augusto-52@uol.com.br www.m-cultural.blogspot.com http://stilocidade.webnode.com