Teu nome
Como? Substituir o teu nome por um pronome? De jeito nenhum!
Palavra
Para o poeta, até que passem,
as dores e as alegrias têm uma fiel depositária,
a palavra. A rigidez do triângulo Construí um portão de madeira,
mas não o travei com um triângulo,
triangulando sua estrutura, para deixá-lo rígido.
Projetei-o do jeito que quis.
Sem triângulo há deformação por não haver rigidez geométrica.
Leigo, projetei mal. Muitas vezes,
a vida também é mal projetada, tudo fica deformado. Suspiros Por ser mais estreito junto à base do nariz, o sulco do meu lábio superior, depressão que chamam de filtro, e cuja finalidade é auxiliar a passagem de ar, não dá conta dos suspiros mais intensos e inadiáveis que a sua presença, sempre irresistível, provoca-me. Estratégias para uma boa escrita Para dominar as estratégias de uma boa escrita, treine.
Comece deixando recados de amor, escritos com batom,
no espelho do banheiro, do guarda-roupa...
Desse jeito, não tenho dúvidas,
escreverá um belo romance. As pás Do alto, as pás do ventilador olham soberbas para a pá da construção civil. Não sabem o papel dela no reboco do teto que o ventilador subiu. Pasmem!!! Essas pás não têm os pés no chão. Mesa de centro O único lugar que a função estética da mesa de centro não poderia estar é no centro da sala. Como atrapalha! O pior é que ela e toda dona de casa são cúmplices. Inclusive, creio eu, um dos motivos da invenção do controle remoto da TV se deu por causa desse tipo de mesa. O grande matemático Euclides errou. Ele deveria ter dito assim: “A menor distância entre dois pontos é uma linha reta, mas antes e depois de se contornar uma mesa de centro”. Missa Atrás do altar, a aranha embosca a mosca, nenhuma das duas assiste à missa. Depois do banquete, que não é o do roteiro do culto, o aracnídeo curte a preguiça. Isso acontece em uma missa dominical, mas noutro ritual. Este dispensa o ato penitencial. Despir Despi-me do egoísmo. das vaidades, dos apegos, das carências, das maluquices, dos pesos e dos nós psicanalíticos, dos desejos impossíveis. E se continuar me despindo assim, acabo num campo de nudismo. O poeta, o músico, o homem e o balde A goteira insiste no alvo, um balde. Perto, um poeta se remói pra fazer um verso da cena; um músico, pra tirar algumas notas musicais. Ao lado, um homem ouve música com fones de ouvido, e lê um livro de poesia. O balde já está de saco cheio. Poemas registrado na Agência Brasileira do ISBN (International Standard Book Number)
Ministério da Cultura - Fundação Biblioteca Nacional, sob número 978-85-63853-54-7.