(Um Monge Solitário)
Ah; que bom pudéssemos varrer o passado
como se jamais tiveste existido!
Infeliz este desejo de tão mal grado,
invade o pensamento, tempo atrevido!
Sempre volta ao presente pálida lembrança,
destaca-te sempre o último abraço.
Longe vais tu, ó amarga esperança
não desatas de mim teu impetuoso laço!
Desta vida em decadência que já permeia,
estou na amara encruzilhada sem saída.
A lembrança lentamente se escasseia,
aos poucos vais te selando o livro da vida!
Me assombras tu, ó triste afago morno,
e tu deusa parca o mortuário mais que certo.
Apertas-te meus rins qual tu foste torno,
desgraçado campo murado sempre com buraco aberto!
“Deixe descansar em paz a lembrança que você
tem daquele que está descansando no sono da
morte e conforme-se com a morte dele”.