Presente de Grego

Os regalos começaram a ser distribuídos a partir da famosa Guerra de Tróia. Nessa ocasião, os Gregos deixaram um cavalo feito de madeira encostado nos muros da cidade de Tróia, como se fosse um presente. Os troianos levaram o cavalo para dentro acreditando que aquela manifestação era uma forma de sua rendição. No entanto, dentro do cavalo se encontravam vários soldados armados que saíram durante a noite, após os troianos dormirem. O pelotão abriu os portões para que todo o batalhão entrasse e destruísse a cidade. Daí surgiu a expressão "presente de grego", um presente que traz prejuízo e nenhum beneficio. 

Penélope uma mítica heroína de grande beleza, grande caráter e ótima conduta, filha de um príncipe espartano, foi pedida em casamento por Ulisses, um consagrado herói que conseguiu conquistá-la entre muitos competidores.  Porém, após um ano de casados, tiveram de se separar por causa da partida de Ulisses para a Guerra de Tróia. Enquanto Ulisses lutava em terras distantes e seu destino era desconhecido, o pai de Penélope pediu que sua filha se casasse de novo. Mas por ser apaixonada e fiel, Penélope recusou a proposta do pai dizendo que esperaria o regresso do marido. Durante a longa ausência de Ulisses muitos duvidavam que ele ainda estivesse vivo e que algum dia retornasse. Penélope era cortejada por inúmeros pretendentes e acreditava não poder escapar senão escolhendo um deles como esposo. Então Penélope lançou mão de muitos estratagemas para ganhar tempo, um deles foi o de alegar que estava empenhada em tecer uma manta funerária para cobrir o corpo do pai do Ulisses, comprometendo-se a fazer sua escolha entre os pretendentes quando a obra estivesse pronta. Durante o dia, aos olhos de todos, Penélope tecia sem parar e à noite desfazia o trabalho feito. E assim a famosa "Tela de Penélope" passou a ser uma expressão proverbial, para designar qualquer coisa que está sempre sendo feita, mas que nunca termina. Dentre todos os pretendentes, apenas Ulisses conseguiu realizar a façanha, retornou disfarçado como se fosse um humilde camponês.

Dizem que os gregos deram os calotes na União Européia por uma questão de atavismo, isto é, um excessivo apego aos valores hereditários de sua cultura. Evocando os seus mitos, acreditam que o dinheiro que falta vai aparecer depois que Penélope pedir socorro ao Rei Midas, aquele que tinha como principal atributo  transformar em ouro tudo o que tocava. 

Os empréstimos obtidos tornaram-se verdadeiros presentes de grego: prejudicaram os dois lados da contenda financeira. Os bancos europeus, na ânsia de emprestar dinheiro a quem não tem dinheiro estimularam os gregos a flechar os calcanhares de Aquiles dos seus contendores.

Este artigo estava pronto para ser encaminhado à Folha quando o resultado da "nova guerra de Tróia" parecia ter chegado ao fim, com a derrota dos credores por zero a um - os devedores gregos votaram "NÃO", digo, "OXI" em grego. Primeiro surgiu a noticia da aceitação dos termos da Grécia perante os credores da União Européia, bancos e adjacências. Mas um dia depois, o feitiço virou contra o feiticeiro, a Grécia ganhou uma batalha, mas parece ter perdido a guerra.

 

 

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