Cadeados

Os cadeados modernos são confeccionados com aço inoxidável, dotados de alarme antirroubo, passaram a ser os dispositivos mais  adequados para proteger bicicletas, motos, portões... Bem diferentes dos modelos antigos, bastante inseguros, podíamos abri-los com um pedaço de arame. Mas afinal, quem sabe dizer quem foi o inventor do cadeado? Só sabemos que Homero, aquele poeta grego dos tempos antes de Cristo, disse em sua odisseia que Hefesto, deus do fogo e da fundição, forjou um cinturão de bronze (com um cadeado?) para que sua amada Afrodite se mantivesse sempre fiel. 

Os cadeados viraram noticia recente depois do incidente ocorrido no começo junho, quando a prefeitura de Paris resolveu remover centenas deles que estavam presos às grades da Pont des Arts, no rio Sena, em Paris. As grades tornaram-se perigosas, parte do alambrado cedeu com 45 toneladas, o peso de tanto cadeado que havia.  A Pont des Arts, ou Passerelle des Arts, é conhecida em todo o mundo pelos milhares de "cadeados do amor" que os casais apaixonados prendem em suas grades com seus nomes ou iniciais neles inscritos.

A historia dos cadeados é antiga, remonta ao tempo das Cruzadas em que os homens costumavam se ausentar por anos ou até mesmo por décadas, muitos deixavam as suas esposas ou concubinas desprotegidas, sozinhas e disponíveis ao chamado "pecado" de transgressão às severas leis religiosas que vigoravam naquela época. Os cadeados passaram a ser um complemento indispensável dos cintos de castidade que, por sinal, ainda não caíram em desuso e nem estão extintos, continuam sendo produzidos, vendidos e utilizados todo santo dia, mas esta historia é outra historia. A submissão feminina ao cinto não era sempre consensual, o seu uso era compulsório, bastante desagradável e degradante à mulher que os escondia por debaixo das saias e vestimentas volumosas para evitar embaraço ou zombaria.

A Castidade é um sentimento bastante controvertido. Aqueles que por razões de ordem religiosa a defendem como uma virtude contrastam com pensadores laicos. George Bernard Shaw com a sua costumeira ironia, assim se expressou: De todas as perversões sexuais a Castidade é a mais perigosa. O  antropólogo italiano Paolo Mantegaza, um neurologista, fisiologista e antropólogo italiano foi menos austero: a Castidade é a sombra do amor. Felizes são os jovens que entenderam o cadeado como uma  forma de castidade espontânea sem nenhuma opressão. Os franceses pisaram na bola! Deveriam apoiá-los criando um "cadeadódromo" com cadeados cadastrados, um ponto turístico, uma fonte de receita obtida com os que quisessem visitá-los, uma homenagem aos que gostariam de continuar vivenciando uma  paixão imorredoura, sem necessidade de jogar as chaves no rio.

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