A situação na qual vivemos hoje nos deixa no mínimo perplexos. Problemas sempre existiram e existirão, porém a reação efetiva, a vontade política, a procura de soluções urgentes e responsáveis deixam muito a desejar. Todos nós desejamos a solução eficaz e duradoura dos males sociais, procuramos os culpados, apontamos os responsáveis dos malefícios, mas nem sempre reconhecemos que os causadores de tantos males não são apenas os outros, mas também cada um de nós.
O egoísmo exacerbado e o poder do dinheiro imperam em toda parte, não só em grupos sociais influentes, mas até nas instituições religiosas. Constatamos claramente a inversão de valores e de prioridades fundamentais. A maioria das pessoas se apoia nas crises econômicas europeias e latino americanas como justificativa. Porém, se nos acomodarmos e não reagirmos adequadamente, aceitando passivamente a situação, alcançaremos uma solução satisfatória?
Historicamente, a Igreja Católica sempre se preocupou e dedicou-se ao cuidado de idosos e crianças carentes. Com o passar do tempo, com a “evolução” e a “interferência” da legislação e das burocracias vigentes, a Igreja e pessoas solidárias de nossa sociedade não têm mais condições de assumir sozinhas o cuidado financeiro de administrar os problemas decorrentes.
Para citar apenas um exemplo concreto e próximo de nós, temos a situação limite da instituição Recanto São Vicente de Paulo, que há oitenta e cinco anos exerce sua função filantrópica e caritativa na cidade de Bebedouro. Embora todos nós reconheçamos seu valor e utilidade para toda região, temos que admitir que não é mais possível viver só de filantropia e que também uma instituição filantrópica “quebra”, como qualquer outra empresa, ainda que isso nos traga muita dor e compaixão.
Já começou a campanha política para a próxima eleição de outubro. O número dos candidatos é exorbitante. Qual seria a “verdadeira” intenção desses pretendentes a cargos públicos? Diante do impasse do Recanto, não seria o caso de unir forças para uma solução efetiva e duradoura para essa instituição que já provou seu valor e utilidade?
“Uma formiga é insignificante, porém um formigueiro, com todas as formigas exercendo sua função, pode derrubar uma casa”.
Cônego Pedro Paulo Scannavino Paróquia São João Batista