Ver para crer?

Certamente, muitos de nós já ouvimos ou dissemos como São Tomé: “Se eu não vir, não creio!”; ou então: “Afirmo que é verdade porque vi com meus próprios olhos”.

Estas expressões podem ser aceitas como absolutamente verdadeiras?

Analisemos a primeira expressão. Qual seria o significado ou conteúdo da afirmação de São Tomé? Assim se manifestando, o Apóstolo Tomé mostrou-se realmente incrédulo? É correto acreditar plenamente, e de maneira incondicional, em tudo o que nos dizem? A dúvida ou o questionamento não seria uma medida de prudência e qualidade de caráter? A aparência comumente não nos pode enganar? Ser crédulo à primeira vista é, muitas vezes, ingenuidade e um risco de ser enganado ou de ser precipitado.

Levando em conta a antiga mentalidade judaica e sua maneira de expressar-se, certamente São Tomé mostrou-se prudente em querer constatar se aquilo que escutara teria fundamento ou não. Qual foi a sua reação quando houve essa constatação? Caiu de joelhos e disse: “Meu Senhor e meu Deus!”, demonstrando concretamente sua fé em Cristo Ressuscitado. E quanto às palavras de Jesus: “Tomé, não seja incrédulo, mas fiel”? Jesus está alertando Tomé e cada um de nós para não acreditarmos simplesmente, só porque falaram. É preciso que analisemos primeiro quem afirma ou nega e se essa pessoa merece ou não crédito.

Quando se trata de Jesus Cristo ou seu profeta, eu aceito, assim como aceitaram Nossa Senhora e o Magistério da Igreja fundada por Cristo sobre a “pedra” Pedro: Católica Apostólica Romana?

E quanto à segunda expressão: “Afirmo ser verdade porque vi com meus próprios olhos”? Quantas vezes somos vítimas de ilusão de ótica ou somos vulneráveis diante de fatores circunstanciais e involuntários? Daí, não seria temeridade afirmar que tenho certeza só porque “vi com meus próprios olhos”?

Em vez de querer “ver para crer”, seria bem mais correto e adequado primeiro crer, para conseguir ver além da aparência o que se esconde na realidade diária, como recado ou convite da Providência Divina a nosso respeito. Dentro do plano de Deus, nada acontece sem uma razão de ser. Tudo tem o seu porquê e para quê.

Querendo ou não, convictos ou não, constatamos que Deus é misericórdia, nos ama de verdade e nos aceita como filhos queridos, sendo nós achegados ou distantes, fiéis ou rebeldes, agradecidos ou não.

Deus abomina o pecado, mas ama intensamente cada um de nós, pobres pecadores!


Cônego Pedro Paulo Scannavino
Paróquia São João Batista
Clima Bebedouro

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