A palavra é prata, o silêncio é ouro!

Somente com o passar do tempo, com a experiência de dias bem vividos, do amadurecimento implacável da vida diária, conscientes ou não, chegamos à conclusão do valor inestimável do silêncio.

Endosso a expressão sábia de um autor: “Precisamos compreender melhor o silêncio, pois a magia está na palavra; o brilho está nos olhos; mas a verdade está no silêncio do coração. Quem não silencia é fanático. Quem não sabe silenciar é imbecil. Quem não gosta do silêncio é medíocre”.

A palavra, quando não refletida, é tão inútil e desnecessária quanto um balde sem fundo. Há frases que nos dizem muito, mas há silêncios que nos dizem tudo. O silêncio é a melhor música na partitura da vida. Sem ele seremos eternos desafinados no imenso falatório da humanidade. É difícil entender a vida só com palavras, porque é o silêncio que tem sabor próprio para definir melhor o sentido das coisas.

O grande prazer da vida é viver a magia de cada instante de silêncio. Quando ele é provado por pensamentos bons é um bem, mas pode ser um mal e causar sofrimento. É como o açúcar e o sal, quando a dosagem não é certa, estragam o sabor dos alimentos e a saúde também.

À noite, nossos pensamentos têm sabor de mente confusa e atribulada e não convém decidir nada. Quando acordamos de manhã, o pensamento se reveste de significado maior. É que, no silêncio, as ideias foram se agrupando e se harmonizando sabiamente.

O ser humano deveria reservar boa parte do seu dia para ouvir o seu silêncio. Se não fosse o silêncio, o próprio viver seria uma banal rotina.

Lemos, no Evangelho de São Lucas, capítulo 2, versículo 51: “Sua mãe (Maria) guardava todas estas coisas no silêncio de seu coração”. Maria nos ensina em várias situações de sua vida o valor do silêncio:

1) Na dúvida – escutava em silêncio para não precipitar-se;

2) Nas “bodas de Caná” – depois de colocar a situação nas mãos de Jesus, aguardou em silêncio a solução da parte dEle;

3) Aos pés da cruz, no sofrimento e dor, em silêncio, demonstrou sua adesão aos desígnios do Pai, através do amor verdadeiro ao Filho, em concordância com sua missão redentora.


Aprendamos com nossa Mãe Maria, também no silêncio de nosso coração, o recado de Deus, que continuamente nos convida a viver cada instante de nossa existência em sintonia com o plano divino a nosso respeito.

Deus nada faz ou permite sem uma razão de ser. Se nos dotou de vida, saúde, fé e capacidade para transformar, para melhorar nosso ambiente e comunidade, por que não fazê-lo?


Cônego Pedro Paulo Scannavino
Paróquia São João Batista
Clima Bebedouro

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