Pela Sagrada Escritura, constatamos que Deus não criou o universo e depois se retirou, deixando suas criaturas ao leo. Ele criou e continua cuidando e administrando sua criação através de normas e presença constante, mas respeitando sempre a liberdade dos seres humanos – criaturas conforme sua imagem e semelhança.
Embora sejamos livres para seguir ou não a ordem da criação, Deus nos dota de tudo o que é necessário para sermos fiéis.
Por que será que o Criador nos fez livres? Não seria mais prático e vantajoso para nós se fôssemos simplesmente, em tudo, dependentes de sua divina vontade?
Claro que sim! Porém, seríamos meros bonecos em suas mãos, sem o mínimo de responsabilidade pelos nossos atos e omissões. Se Ele nos criou à sua imagem e semelhança, livres para aceitar ou não sua vontade na administração do universo, é para participarmos como coautores da criação, sendo responsáveis pelos nossos atos e consequências.
Portanto, somos livres e responsáveis, embora tenhamos o Criador como “garantia” para completar o que falta em nossas limitações e capacidades.
No entanto, é fundamental conhecer quem e esse autêntico Deus. E Ele próprio se revela, aos poucos, embora saibamos que Ele é a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo – três Pessoas distintas e único Deus.
No Antigo Testamento, o povo escolhido, Israel, para não se extraviar e não ser contaminado pelos povos idólatras e politeístas, o próprio Criador, no Livro do Êxodo 3,14, dirigindo-se a Moisés, se auto definiu como: “Eu sou Aquele que sou”, que se traduz na língua hebraica: “Javé”.
Por muitos anos, Israel só conhecia a primeira pessoa da Trindade: o Pai Criador – Javé. Com a vinda de Jesus Cristo, Deus nos revela a segunda Pessoa da Santíssima Trindade: seu Filho Único – Jesus Cristo. Depois de cumprir sua missão aqui na terra, Cristo volta para junto do Pai, prometendo e cumprindo a promessa de enviar-nos o Espírito Santo – Espírito da Verdade – o Santificador – a terceira Pessoa da Trindade Santa.
Assim, por revelação progressiva, o Criador mostra a todos nós sua autêntica identidade: Santíssima Trindade.
Mas não basta apenas conhecermos a identidade de Deus. É necessário conhecermos também seu projeto e, coerentemente, nossos direitos e obrigações.
Seria correto “inventar” uma teoria para explicar o inexplicável?
Para fugir do mistério, alguns estudiosos e cientistas optaram pela “origem do universo como uma explosão de algo indefinido, tendo como consequência uma evolução contínua e automática”. Mas não esclareceram quem criou este “algo”. Partindo de uma outra afirmação científica “não existe origem espontânea vinda do nada, a origem de algo material sem a autoria de alguém”. Para justificar-se, denominaram a natureza como autora inicial. Porém, a dúvida permanece: “Quem criou a natureza?”.
Concluindo: Deus nos é revelado como Santíssima Trindade. Ele é o Criador de tudo e de todos e não foi criado por ninguém.
Nós fomos criados à sua imagem e semelhança, livres e responsáveis, como administradores da natureza e não “donos” da mesma.
Sendo criaturas especialíssimas, porém frágeis e limitadas, podemos contar sempre com a ajuda e força do Deus das misericórdias no cumprimento diário de nossa missão como “imagem e semelhança de Deus”.
Cônego Pedro Paulo Scannavino Paróquia São João Batista