De quem é a culpa?

Pela televisão, muitas vezes nos inteiramos de fatos que nos sugerem não só conhecimento da realidade, mas também uma reflexão para melhor viver como cidadãos responsáveis e cristãos atualizados.

Dias atrás, numa entrevista, um jornalista fazia um comentário a respeito de várias catástrofes da natureza, envolvendo mortes, incêndios e enchentes que nem sempre são imprevisíveis.

Fazendo uma análise mais profunda, vamos descobrir irresponsabilidades, descaso, insensibilidade diante da voz do povo que vive o problema e os alertas sobre as possíveis consequências da ganância do poder e das vantagens nem sempre lícitas e justas. O que fazer? Apontar e punir os culpados? Mas quem são eles? Se a “catástrofe” é fruto da ação da natureza, vamos puni-la? Se o “causador” das variações climáticas, do excesso de chuva ou seca, do calor e frio exagerados e inoportunos é Deus, Ele é o culpado e o único responsável pelos acontecimentos? E o ser humano, não tem nada a ver com a questão?

Deus, ao criar o universo de forma perfeita, estabeleceu uma ordem e disciplina coerentes e consequentes. Porém, com o intuito de tornar o ser humano participante da criação, deu-lhe a “liberdade” para administrá-la e não para tornar-se “dono” absoluto e independente do universo já criado antes dele.

Como consequência, temos o princípio fundamental: “Tudo tem seu preço que, inevitavelmente, deve ser responsabilizado e pago pelo autor da opção”.

Muitas são as pessoas que se iludem, se acomodam e se dizem inocentes. Elas se esquecem que a natureza ofendida, agredida e não respeitada “se vinga” e responde à altura a ação humana. O homem, olhando somente seu próprio interesse do “momento”, não presta atenção nas consequências futuras de seus atos.

É muito fácil e cômodo se eximir da culpa e responsabilizar apenas as “forças da natureza” ou o próprio Criador.

Sejamos pelo menos honestos, reconhecendo “nossa” parcela de culpa, sem ficar “caçando culpados” na pessoa dos outros, como se fôssemos totalmente isentos de responsabilidades.


Cônego Pedro Paulo Scannavino
Paróquia São João Batista
Clima Bebedouro

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