Todo cidadão consciente e cristão atualizado, que busca adequar-se à verdade da história, não se contenta com afirmações ou negações de fatos superficialmente difundidos, que não levam em consideração sua origem histórica.
Não podemos negar a tendência de relaxar ou acomodar-se diante de princípios e costumes tradicionais do passado. Porém, não podemos menosprezar a origem autêntica desses fatos. Não se trata de saudosismo ou, muito menos, de prender-se ao passado, mas de voltar às origens para “beber na fonte” o verdadeiro significado e intenção do autor dos fatos e princípios.
Lendo as Sagradas Escrituras com atenção e espírito de fé, vamos perceber a “didática divina”, que respeita a nossa liberdade, reconhece nossa capacidade e limitações, como também a “hora” adequada para a obtenção do melhor para todos nós.
No judaísmo anterior e contemporâneo de Jesus, constatamos inúmeros “mandamentos” prescritos, de modo especial por Moisés, que norteavam e acompanhavam o dia a dia dos judeus devotos, desde os gestos e costumes mais corriqueiros e simples até as atitudes e responsabilidades mais graves e necessárias da religião judaica. A tônica no comportamento do povo liderado pela cúpula judaica do templo era o “cumprimento indiscutível da Lei e dos Profetas”. Movido pela ignorância e, muitas vezes, pelo fanatismo incontestável, o povo acatava na convicção de estar sendo fiel a Javé, seu único Deus.
Jesus surgiu como “divisor de águas”: Antigo e Novo Testamento. E diz claramente: “Não vim para destruir a Lei e os Profetas e sim para vivenciá-los verdadeiramente”.
Observando as palavras e atitudes de Cristo, constatamos uma firme e prudente evolução nos princípios e mandamentos judaicos. Como por exemplo: antes se dizia: “Olho por olho, dente por dente” e “Ame seus amigos e odeie seus inimigos”. Veio Jesus, com paciência e misericórdia, e nos ensinou: “O primeiro e mais importante dos mandamentos é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Depois de três anos de vida pública, não só ensinando com palavras, mas principalmente pelo testemunho de vida, reuniu os doze Apóstolos e, na despedida, deixou seu legado na ceia derradeira: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se amardes o próximo como eu vos amo”. “Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida, quem me segue não anda nas trevas, usufrui da verdade e tem a vida”.
A missão de Jesus Cristo não terminou no túmulo e nem mesmo na ressurreição e volta para junto do Pai, mas ela continua através da Igreja por Ele fundada sobre a “pedra Pedro”, que dá sequência a essa missão no decorrer dos tempos até a eternidade.
Cristo ressuscitado apareceu aos Apóstolos e, depois de lhes desejar: “a paz esteja convosco”, soprou sobre eles e disse: “Da mesma forma que o Pai me enviou eu vos envio também. Estarei convosco todos os dias, até o final dos tempos”.
Portanto, sendo fiéis à Igreja fundada por Cristo, não estaremos apenas vivendo um “passado” de mais de dois mil anos, mas vivendo cada dia mais conscientes e atualizados as verdades transmitidas por Jesus Cristo, e também voltando às origens da nossa fé através da Igreja e seus sucessores.
Cônego Pedro Paulo Scannavino Paróquia São João Batista