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“Uma antiga lenda conta que, ao regressar vitorioso das guerras pelos seus reinos do Oriente, o Imperador romano, Caio Fábio, convocou todos os oficiais e líderes da comunidade para uma grande festa. Durante essa confraternização, ele disse: ‘Tenho realizado inúmeras conquistas e meu vasto império se espalha por todos os povos e nações. Meu exército é o mais bem treinado e poderoso do mundo. Sou inteligente, famoso, admirado, temido pelos meus inimigos e muito amado pelo meu povo’. Nesse interim, o orgulhoso Rei declarou: ‘A partir desta data, quero que todos me chamem de deus, pois sou forte, grande e tão poderoso quanto Ele. Os bajuladores logo se manifestaram com palmas e gritos, aclamando o Imperador com aplausos e brados de: ‘Deus, Deus, Deus! Caio Fábio é nosso Deus!’.

Um velho e experiente mercador viajante, presente no banquete, vendo aquele delírio insano dos convidados que em voz unânime aclamavam o Rei como Deus, interrompeu a multidão e solicitou ao Rei permissão para fazer um pedido. O Rei consentiu e o visitante disse: ‘Senhor deus, Caio Fábio, venho pedir-lhe uma grande ajuda: Tenho neste instante um grande barco carregado de mercadorias. Acontece que o navio está encalhado em um banco de areia próximo à praia’. O todo poderoso Rei, que se considerava superior à natureza, disse: ‘Não há problema nenhum! Mandarei sete dos meus melhores navios com os mais fortes remadores da minha Marinha de Guerra para rebocar seu barco até águas de navegação tranquila’. Após o oferecimento, o comerciante disse: ‘Não, Senhor deus, não precisa incomodar centenas de homens remadores. Apenas é suficiente que mande que o vento sopre duas fortes lufadas nas velas da embarcação e, em segundos, resolvemos o problema!’. Todos olhavam o Rei, esperando um gesto milagroso, ou seja, conectar o impossível com o imaterial... O Imperador finalmente ‘caiu na real’, reconhecendo a sua infinita limitação e pequenez em querer se comparar com Deus. Fez-se silêncio no grande salão... Todos ficaram pensativos e constataram quão distante e absurda era a comparação de um simples homem com o próprio Deus.”

Debaixo de uma autoridade ostensiva, exuberante e vaidosa está sempre um mundo de desequilíbrio, desordem e violência. Quem ignora a existência de Deus, suas chances sobem de nenhum para zero. Afinal, que planta, que animal, que elemento da natureza, que astro do universo não traz a marca do Criador? Deus é a verdade e a luz não só hoje, mas sempre!

Podemos saber exatamente o que somos: vaidosos apenas. Usamos tanto a máscara da hipocrisia que esquecemos quem somos por baixo. O filósofo Aristóteles define bem essa busca de verdade: “Entre a humildade e o orgulho, prefira a modéstia! Entre a covardia e o arrojo, prefira a sabedoria!”.

Viver com entusiasmo é super desejável! Com o tempo, cada pedacinho nosso pode morrer, exceto a dignidade de ser um homem sensato.

 

Cônego Pedro Paulo Scannavino

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