Depois de algum tempo de casada, quando as fantasias e novidades da vida matrimonial começam a dar lugar também à dura realidade do dia a dia, surgiu um atrito e intolerância entre nora e sogra.
A recém casada, como não conseguia mais conviver com a sogra, temendo pelo futuro de seu casamento, assumiu uma posição extrema. Procurou um médico aposentado e lhe pediu um veneno para eliminar a sogra.
Após ouvi-la, o médico lhe deu um frasco com um poderoso veneno, conforme ela havia pedido, acompanhado de uma recomendação de como proceder. Porém, como fazê-lo para que ninguém suspeitasse do autor do crime? Duas providências deveriam ser tomadas:
1º) administrar o veneno em pequeníssimas doses;
2º) tratar a sogra de maneira extremamente agradável.
Feliz com a solução ao alcance da mão, a nora regressou à casa. No mesmo dia, colocou um pouco daquele veneno na comida da sogra. Para não despertar suspeitas, passou a tratá-la com todo carinho.
Passaram-se dois meses, e a nora regressou ao médico com outro pedido: “Por favor, me ajude a evitar que o tal veneno mate minha sogra. Ela se tornou uma mulher tão doce que acabei amando-a como se fosse minha mãe. Seria muito difícil viver agora sem ela”.
O médico, sorrindo, garantiu: “Você não precisa se preocupar. O veneno que lhe dei nada tinha de venenoso, era apenas uma infusão de água com ervas caseiras, que só fez melhorar a saúde dela. O veneno estava em sua mente e em suas atitudes, mas foi jogado fora e substituído pelo amor que você passou a dedicar a ela”.
Na vida, colhemos o que semeamos. Aquele que semeia amor, confiança e bondade, certamente acabará colhendo tudo isso. É mais cômodo esperar pela mudança dos outros, mas mudar a nós mesmos é muito mais fácil e inteligente.
São Francisco de Assis nos ensina com o seu testemunho de vida: “É melhor amar que ser amado, consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido...”.
Por que certos defeitos dos outros nos irritam tanto? Cada um é único, com suas capacidades e limitações, virtudes e defeitos. Seremos julgados por Deus pelo que somos e recebemos. Daí, como exigir que o outro aja e pense como eu?
A receita de uma vida realizada não é apenas ser feliz, mas fazer também felizes os outros.
Cônego Pedro Paulo Scannavino
Paróquia São João Batista