Quando Deus contraria nossa vontade

Conta-se que no interior dos Estados Unidos, no século passado, havia uma menininha chamada Emy. Sua família era católica convicta. Todos, pais e filhos, aos domingos, frequentavam a santa Missa e todos os dias faziam juntos suas orações.

Emy era muito feliz! Ela amava sua família e admirava a cor azul dos olhos de seus pais e irmãos. Somente ela tinha olhos castanhos escuros. O sonho de Emy era também possuir olhos azuis.

Um dia, na homilia da Missa, o padre disse: “Deus está sempre atento e responde a todas as orações feitas com fé e confiança”.

Emy passou o dia todo pensando nisso. À noite, na hora de dormir, ajoelhou-se ao lado da sua cama e orou: “Papai do céu, muito obrigada porque você criou o mar que é tão bonito! Obrigada pela minha família e pela minha vida! Gosto muito de todas as coisas que você fez e faz, mas gostaria de lhe pedir que, ao acordar amanhã, eu tivesse olhos azuis como os da mamãe e de todos os de minha família, em nome de Jesus, amém!”.

Ela teve fé – a fé pura e verdadeira de uma criança. E, ao acordar no dia seguinte, correu para o espelho, olhou... E qual era a cor de seus olhos? Continuavam castanhos!

Por que Deus não ouviu Emy? Por que não atendeu ao seu pedido? Isso teria fortalecido sua fé.

Bem, naquele dia, Emy aprendeu que um não também era resposta. A menininha agradeceu a Deus do mesmo modo, mas não entendia, só confiava.

Anos depois, Emy seguiu sua vocação e foi ser missionária na Índia. Ela “comprava” crianças para Deus (as crianças eram vendidas por suas famílias – que passavam fome – para serem sacrificadas no templo). Ela as “comprava” para libertá-las desse sacrifício. Mas, para poder entrar nos templos da Índia sem ser reconhecida como estrangeira, Emy precisava disfarçar-se de indiana. Para isso, passava pó de café na pele, cobria os cabelos, vestia-se como as mulheres do lugar e entrava livremente nos locais de venda de crianças. Emy podia caminhar tranquila em todo “mercado infantil”, pois aparentava ser uma indiana.

Um dia, uma amiga missionária olhou para ela disfarçada e disse: “Puxa, Emy, você já pensou como seria difícil disfarçar-se, se tivesse olhos claros como todos os de sua família? Que Deus inteligente nós servimos! Ele lhe deu olhos bem escuros, pois sabia que isso seria essencial para a missão que lhe confiaria depois”.

Essa amiga não sabia o quanto Emy havia desejado, na infância, ter olhos azuis. Mas Emy pôde, enfim, entender o porquê daquele não de Deus anos atrás!

Muitas vezes, quando nossos pedidos não são atendidos ou quando as coisas não acontecem conforme desejamos ou no tempo que gostaríamos, nós não compreendemos e até nos revoltamos. Mas os planos de Deus estão muito acima dos nossos planos, e os caminhos de Deus não são exatamente os caminhos que às vezes escolhemos.

Um dia, talvez, poderemos entender o porquê de Deus não nos atender ou por deixar que coisas difíceis nos aconteçam.

É preciso ter fé e confiar!

 

Cônego Pedro Paulo Scannavino

Paróquia São João Batista

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