Nossa geração, que viveu as agruras do governo militar até a retomada das “Diretas já”, certamente ficou traumatizada com a tal “censura”, que taxava a torto e direito como subversivo tudo aquilo que contrariasse a linha de conduta dos militares da época, com razão ou não.
A reação das pessoas envolvidas foi tão forte que, hoje, para combater a “censura”, principalmente nos meios de comunicação, não raras vezes se confunde “censura” com “bom senso”. A tal “liberdade de expressão” muitas vezes é equivocada, dando margem a toda afirmação ou negação de princípios fundamentais, desrespeitando todo tipo de prudência e bom senso.
Nem sempre percebemos reta intenção de certos comunicadores ou “formadores de opinião”, que não medem as consequências de suas declarações, jogando seu veneno para o público de maneira indiscriminada, sem levar em consideração o respeito às pessoas das mais variadas camadas sociais: crianças, adolescentes e adultos, que são atingidas sem o mínimo escrúpulo.
Somos livres para expressar nossos pensamentos, porém, sem menosprezar crenças ou opiniões e as consequências que essa expressão pode provocar, atingir e prejudicar.
Quantas vezes se levanta uma polêmica, não com a intenção de esclarecer a verdade, mas por motivos não raras vezes escusos, interesseiros em enaltecer esse ou aquele grupo, corrente política ou entidade, visando, no fundo, tirar proveito material, pessoal, sem levar em conta o estrago que se provoca numa sociedade tão facilmente manipulada, que fica à mercê da dúvida?
Onde está a responsabilidade daqueles que têm o poder da comunicação nas mãos?
Esses deveriam ser porta-vozes da verdade, visando construir, colaborar, fazer crescer e amadurecer a mentalidade do povo para se atingir a verdadeira paz, união e amor numa sociedade. Mas sabemos que, muitas vezes, infelizmente, usam esse poder para destruir crenças religiosas, convicções verdadeiras e concretas e a própria família.
Felizes são aqueles que não se deixam enganar com fantasias e ilusórias afirmações, sem o mínimo de respeito ou respaldo da verdade, da ciência séria e da história, bem fundamentadas, e que, através do tempo, já provaram sua eficácia e veracidade!
É fácil e cômodo destruir! Por que não usar nossa capacidade para conservar o que é bom e construir algo melhor, que nos realize verdadeiramente?
Na dúvida, questione. Não se deixe levar pela pressão e opinião de quem afirma e não prova.
Publicado originalmente em 08/01/2005.
Cônego Pedro Paulo Scannavino
Paróquia São João Batista