Em nossa vivência diária, é comum afirmarmos com antecedência o que vai acontecer e arriscar dizer de maneira superficial o “porquê” dos fatos. Até parece que somos “videntes” do futuro!
Para ilustrar nossa afirmação, vou transcrever uma interessante historinha:
“Um senhor morava com sua família em um sítio próximo a uma grande floresta. Certo dia, ele recebeu de presente um cavalo. Acontece que ao lado de sua propriedade residia um homem palpiteiro. Tudo observava e não perdia oportunidade para comentar a vida dos outros. Ao ver a cena do cavalinho, disse: ‘Que sorte, não? É bom demais receber um cavalo de presente’. O senhor, com sabedoria, respondeu: ‘Pode ser sorte, pode ser azar’. Passaram-se alguns dias. O cavalo pulou a cerca e fugiu, sumindo na floresta. O vizinho viu e comentou: ‘Que azar, não? O cavalo era tão útil’. O senhor respondeu: ‘Pode ser azar, pode ser sorte’. O vizinho não entendeu nada! Após alguns dias, o cavalo fujão voltou da floresta acompanhado de outros dois cavalos. O vizinho falou: ‘Veja que sorte, agora você tem três lindos cavalos’. O senhor respondeu: ‘Pode ser sorte, pode ser azar’. E o filho recebeu a incumbência de domar aqueles cavalos selvagens. Ao tentar domesticá-los, na primeira montaria, caiu e quebrou a perna. O vizinho viu e disse: ‘Que azar, não? Seu filho se acidentou’. O pai respondeu: ‘Pode ser azar, pode ser sorte’. O país entrou em guerra com outra nação. Um general estava convocando e recrutando todos os jovens para, obrigatoriamente, se apresentarem para as fileiras do exército. Ao chegar na casa do sitiante, viu o rapaz e disse: ‘Esse não pode ser um soldado, pois está acidentado’. O vizinho viu e disse: ‘Que sorte, não? Todos os jovens vão para a luta e não sabem se voltam, mas seu filho está livre da guerra’. O pai respondeu: ‘Pode ser sorte, pode ser azar’. Passaram-se os anos. O jovem já estava com idade para se casar e conheceu uma linda mulher. O vizinho viu e comentou: ‘Que sorte, não? É lindíssima a mulher com quem seu filho vai se casar’. O pai disse: ‘Afinal, é sorte ou azar?’”.
Fica para a imaginação do leitor a interpretação. As pessoas veem apenas os fatos isolados. Mas não é bem isso que a vida pede. É preciso enxergar além das aparências, o que é próprio de pessoas sensatas, que compreendem que as circunstâncias não são programadas por homens, mas pelo Criador. Tudo o que acontece tem um propósito. Nada de querer saber “por que eu?”; “por que agora?”. Deus não precisa ser questionado. Ele permite acontecer. Nada é azar, nada é sorte. Tudo é apenas inteligente ação do Criador, que tem como foco aperfeiçoar o ser humano e fazê-lo feliz.
Acredite: tudo aquilo que o Mestre tem para você não serve para mais ninguém, só para você. O que é seu merecimento, é seu. O resto é história que o povo conta.
Cuidemos do presente, e o futuro fica para o futuro!
Cônego Pedro Paulo Scannavino
Paróquia São João Batista