Quantas pessoas chegam à conversão graças ao nosso testemunho, que prova que vale a pena crer e seguir os passos de Jesus Cristo?!
Ao lermos ou escutarmos as Escrituras Sagradas com atenção e espírito de fé, Deus nos fala de maneira muito especial. Vamos encontrar no Evangelho de Lucas 9,51-62 uma rica lição de vida. Observemos a atitude de Jesus, dos discípulos e dos samaritanos.
Jesus, tomando a decisão de partir para Jerusalém, onde realizaria parte de sua missão redentora, envia mensageiros à sua frente. Cristo não precisaria recorrer a eles para preparar seu caminho, porém, não raras vezes, se utilizou desse expediente. O próprio São João Batista, foi seu precursor e mensageiro na comunidade israelita.
Diz o texto, nos versículos 52 e 53: “Ao entrarem no povoado dos samaritanos para arranjar hospedagem a Jesus, esta lhes foi negada, pois sabiam que Jesus se dirigia a Jerusalém”, reduto dos judeus, seus inimigos. Aqui temos o que chamamos preconceito. Os judeus não se davam com os samaritanos e, por consequência, estes, em represália, não acolheram o Mestre e seus discípulos.
Quantas pessoas chegam à conversão graças ao nosso testemunho, vivência, palavras que convencem e provam que vale a pena crer e seguir os passos de Jesus Cristo?! Para tanto, precisamos estar atentos ao chamado do Cristo e corresponder à graça que passa. Como aconteceu com os mensageiros do texto do Evangelho, também nós estamos sujeitos a preconceitos e obstáculos. Por outro lado, por preconceito, muitas vezes, nos fechamos a Cristo e dificultamos a evangelização.
Qual seria a melhor atitude a tomar?
No episódio narrado por São Lucas, os discípulos quiseram revidar tal “desaforo”, conforme o versículo 54, que diz: “Vendo isto, Tiago e João disseram: Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu para destruí-los?”.
Diante do preconceito dos que não nos aceitam como cristãos católicos, hoje, qual deve ser a nossa reação? A mesma de Tiago e João? Certamente que não, pois Jesus não só repreendeu a atitude dos dois discípulos, mas nos ensina, por palavras e comportamento, que devemos compreender e perdoar, pois “eles não sabem o que fazem”.
Na sequência do texto de São Lucas (vers. 57 a 62), encontramos vários exemplos concretos de vocação, e concluímos que para os discípulos de Cristo ela não se baseia na vontade do candidato, nas suas condições humanas, mas na vontade divina, que chama e exige generosidade e doação total: “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto para o reino de Deus” (Lc 9,62).
Desta forma, embora Deus nos chame para segui-Lo como seus instrumentos, Ele respeita nossa liberdade e espera nosso “sim”, como aconteceu com Maria. E para que não haja ilusão e mal entendido, Cristo nos deixa bem claro: “Quem quiser ser meu discípulo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz todos os dias, e siga-me” (Lc 9,23).
Cônego Pedro Paulo Scannavino
Paróquia São João Batista