Como o mês de agosto é o Mês Vocacional, não poderíamos deixar de destacar a vocação sacerdotal, tão importante para o mundo todo. Assim, agradeçamos a Deus por todos os santos sacerdotes que Ele colocou em nossa vida e que nos levaram a encontrar o caminho da verdadeira Vida – Jesus Cristo.
Como são maravilhosos os desígnios de Deus!
Muitas vezes, contrariando os critérios humanos, Deus nos transmite preciosas lições de vida. O padre, a exemplo de Jesus Cristo: comum e normal aos olhos dos homens, é revestido da missão sacerdotal de levar a humanidade até Deus e trazê-Lo ao mundo.
Quando José e Maria apresentaram o Menino Jesus no templo, o velho Simeão, ao tomá-Lo em seus braços, profetizou: “Este menino será causa de queda e soerguimento para muitos em Israel. Ele será sinal de contradição... (Lc 2,34).
Nós, padres, continuadores da missão dos Apóstolos, partilhando do único sacerdócio de Jesus Cristo, fomos vocacionados pelo Mestre para trilhar, hoje e sempre, o mesmo caminho do Nazareno. Assim, sofremos as mesmas reações da sociedade em que vivemos, sendo também um sinal de contradição e reerguimento para muitos. Mas são poucos aqueles que, pelos olhos da fé, enxergam na figura humana do padre o ministério por ele revestido.
Vivemos tempos de angústia, insegurança, medo e desesperança. Basta olhar para o semblante das pessoas, bem como suas preocupações e carências, para percebermos essa realidade. Dentro desse contexto, Cristo escolhe homens comuns que, transformados pela graça divina, são enviados como sacerdotes. Embora sejam pessoas normais, têm uma missão especial: ser instrumento de Deus para trazer a paz e dar sentido à vida.
Diante de tão sublime vocação, como fica a pessoa do padre, sabedor de que é vaso frágil, contendo um tesouro tão grande e uma responsabilidade tão magnânima?
Só mesmo pela graça divina, em sintonia constante com o Mestre, na oração, principalmente na oração da escuta e do silêncio, se explica o êxito de sua árdua e sublime missão.
Na história da Igreja, desde a Igreja primitiva até os nossos dias, vamos encontrar excelentes exemplos de sacerdotes que, com o seu testemunho e palavras, marcaram a comunidade cristã.
Dentre inúmeros sacerdotes existentes, vivos e falecidos, destacamos, por exemplo, a figura de São João Maria Vianney, o Santo Cura d’Ars, padroeiro de todo o clero. Nasceu em Lion, na França, em 1786. Cresceu durante a Revolução Francesa e morreu extenuado aos setenta e três anos. Após grandes esforços, dificuldade e fé, conseguiu chegar ao sacerdócio em 1815, tornando-se, três anos depois, o primeiro pároco de uma cidadezinha denominada Ars, escondida aos pés das montanhas. Animado de grande desejo de ser verdadeiro pastor, bom caráter, simples, humilde e sincero, com extraordinária capacidade de sacrifícios, converteu primeiro sua paróquia, outrora indiferente, transformando-a numa comunidade exemplar. Pelo período de quarenta anos, Ars tornou-se centro de atração de todo o mundo católico. Um público inumerável da Europa e das Américas cercava cada vez mais o confessionário desse sacerdote, pedindo-lhe conselhos ou uma palavra de luz e conforto espiritual. Com extrema simplicidade de meios, sua pastoral teve uma insuperável eficácia: sua pregação convertia e fortalecia a fé e a vida cristãs. A força de sua ação sacerdotal provinha do testemunho de sua vida pobre, penitente, toda feita de fé, caridade, doação e dos dons carismáticos que Deus lhe concedia.
Espelhemo-nos nesta santa figura e agradeçamos a graça de possuirmos entre nós sacerdotes que entregam sua vida, sendo pastores do rebanho de Cristo, que chamamos Igreja, valorizando estes que, dizendo “sim” ao chamado do Mestre, dedicam-se incansavelmente à comunidade em que estamos inseridos.
Cônego Pedro Paulo Scannavino
Paróquia São João Batista