Como já vimos na 1ª parte deste artigo (edição de 03/08), devemos fazer uma distinção entre os chamados: VOCAÇÃO À EXISTÊNCIA – que é a vocação humana; e VOCAÇÃO CRISTÃ – a vocação específica.
Nesta edição, vamos refletir sobre:
3) VOCAÇÃO CRISTÃ – Vocação de filho, de batizado. Todo batizado recebeu a graça de fazer parte do povo eleito de Deus, de sua Igreja. Através da vocação cristã, somos chamados à santidade, à perfeição, recebendo a mesma fé pela justiça de Deus. Fomos, portanto, eleitos e chamados pessoalmente por Cristo para ser, como cristãos, testemunhas e seguidores do Mestre Jesus.
Chamados à fé pelo Batismo, fomos qualificados de uma forma especial: todos fazemos parte do “reino de sacerdotes, profetas e reis” (cf. I Pedro 2,9). Os batizados tornam-se seguidores de Cristo, participantes de uma comunidade de fé, e podem ser chamados a participar da obra de Deus, como membros de sua Igreja, mas seguindo caminhos diferentes:
a) Vocação laical (no matrimônio, no celibato ou como solteiro-apóstolo).
Como cristão batizado em Cristo, solteiro ou casado, tornando-se membro da sua Igreja, o leigo é convocado a ser apóstolo, a ser anunciador do Reino de Deus, exercendo funções temporais. O leigo exerce sua missão insubstituível nos ofícios e trabalhos deste mundo.
O Concílio Vaticano II sublinhou que a vocação e a missão do leigo “contribuem para a santificação do mundo, como fermento na massa”.
b) Vocação ou ministério ordenado (diáconos, padres, bispos).
São vocações de carisma particular, mas passam pela mediação da Igreja particular, pois são destinadas à Igreja. Há um acompanhamento sistemático, amadurecendo as motivações reais da opção. O ministro ordenado preside e coordena os serviços da comunidade. É enviado a pastorear e animar a comunidade. Por intermédio dos sacramentos, celebra a presença de Deus no meio de seu povo. Ele é o bom pastor que guia, alimenta, defende e conhece as ovelhas. Isso exige humanidade, caráter íntegro e maduro, virtudes morais sólidas e personalidade também madura.
c) Vocação à vida consagrada (Irmão religioso ou Irmã religiosa: vida ativa ou contemplativa).
O religioso é chamado a testemunhar Cristo de uma maneira radical, vivendo uma consagração total nos votos de pobreza, castidade e obediência. Com a pobreza, vive mais livre dos bens temporais, tornando-se disponível para Deus, para a Igreja e para os irmãos. Com a castidade, vive o amor sem exclusividade, sendo sinal do mundo futuro que há de vir. Com a obediência, imita a Cristo obediente e fiel à vontade do Pai.
Textos bíblicos: Mateus 25,14-30; João 14,507. Leia esses textos com calma, procurando trazê-los para a sua vida. Precisamos distinguir bem VOCAÇÃO e PROFISSÃO, pois não são exatamente a mesma coisa. A PROFISSÃO dignifica a pessoa quando é exercida com amor, espírito de serviço e responsabilidade. A VOCAÇÃO vivida na fidelidade e na alegria confere ao exercício da profissão uma beleza particular. É o caminho da santidade.
PROFISSÃO
1. Aptidão ou escolha pessoal para exercer um trabalho.
2. Preocupação principal: o “ter”, o sustento da vida.
3. Pode ser trocada.
4. É exercida em determinadas horas.
5. Tem remuneração.
6. Quando não é exercida, falta o necessário para viver.
7. Na profissão: eu faço.
VOCAÇÃO
1. Chamado de Deus para uma missão que se origina na pessoa como reação – aspiração do ser.
2. Preocupação exclusiva: o “ser”, o amor e serviço.
3. É para sempre.
4. É vivida 24 horas por dia.
5. Não tem remuneração.
6. Vive pela providência divina.
7. Na vocação: eu vivo.
Cônego Pedro Paulo Scannavino
Paróquia São João Batista