É mesmo?

Desde a minha mais tenra idade, sempre fui um amante de “historinhas” e suas conclusões práticas. Em casa, na escola e no catecismo, esse amor por historinhas se fortaleceu e perpetuou-se com as parábolas de Jesus Cristo. Numa linguagem simples e bem popular, Jesus transmitia grandes verdades que até hoje nos ajudam em nosso crescimento espiritual.

As historinhas nos auxiliam a entender melhor o contexto da vida. No dizer do filósofo, não existem limites para nossos pensamentos e sentimentos. É o que vamos entender com a historinha: “É mesmo?”.

Era uma vez um educador chamado Zalkind. Ele era um professor exemplar. Era admirado e respeitado por todos os alunos. Com poucas palavras, transmitia o saber, tendo como foco a busca incessante da verdade e do equilíbrio. Na escola em que lecionava havia uma aluna que com seus 14 anos era mais deslumbrada que deslumbrante, e, digamos, com maturidade razoável. Por essa razão, sempre estava em contato com o professor para aprender mais e esclarecer suas dúvidas sobre a vida.

Certa vez, ela procurou o mestre e disse: “Professor, estou grávida!”. O mestre logo respondeu: “É mesmo?”. Com essa expressão ele não demonstrou alegria nem tristeza, mas completou: “Agora você vai conversar com seus pais. Peça-lhes orientação, mas lembre-se: tenha fé em Deus e coragem, que você vai superar esse desafio. Ter fé é assim mesmo: primeiro você dá o passo no vazio, depois Deus lhe dá o chão!”.

Assim fez a adolescente. Os pais ficaram indignados e perguntaram: “Como isso foi acontecer? Logo com você, uma pessoa tão esperta?”. E todos queriam saber quem era o pai da criança. Ao ser pressionada, a jovem saiu-se com esta bravata: “O pai da criança é o professor Zalkind!”.

Após os nove meses de “gestação escondida”, nasceu o bebê – um menino a quem ela deu o nome de Mateus. Seus familiares logo disseram: “Agora você vai levar o bebê lá na escola e entregá-lo ao professor. Afinal, ele que cuide da criança”. Assim ela fez. Aproximou-se do professor, entregou-lhe a criança e falou: “O filho é teu, Zalkind!”. O mestre pegou a criança no colo e disse: “É mesmo?”. E continuou sua vida normal de professor, agora com a responsabilidade de cuidar da criança com muita dedicação e carinho. Ele não media esforços para obter comida, leite e roupinhas, para que nada faltasse ao conforto do novo personagem. Ele se dedicava ao bebê com o melhor afeto, como se fosse o pai da criança.

Passaram-se meses, quase um ano. Foi quando a mãe biológica viu que Mateus estava lindíssimo e saudável... A jovem não se conformava com sua atitude leviana, falsa, mentirosa e irresponsável. Resolveu revelar aos pais a verdade sobre a paternidade da criança. E todos ficaram sabendo que o pai não era o professor, mas um rapaz de 20 anos que trabalhava na lavoura. A adolescente decidiu procurar o professor. Ela pediu mil desculpas, implorou seu perdão e disse: “Professor, desculpe a minha falta de honestidade, estou arrependida e quero meu filho de volta!”. Zalkind disse: “É mesmo?”. E entregou a criança à espaventada mãe. Após ela se afastar, falou baixinho: “Melhor assim! Quem pariu Mateus que o embale!”.

O que você pode aprender com esta historinha? É fácil! Quando alguém o tratar com injustiça, como se você fosse um demônio e você sabe que não é, diga: “É mesmo?”. Essa expressão vai fazê-lo refletir: “Se sou assim, preciso melhorar. Mas, se não sou assim, nada tenho a temer!”

 

Cônego Pedro Paulo Scannavino

Paróquia São João Batista

 

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