O Papa emérito Bento XVI disse: “O silêncio é parte integrante da comunicação. Sem ele não há palavras densas de conteúdo”.
Aqui se trata de um silêncio de quem ativamente escuta e acolhe a outra pessoa naquilo que ela está dizendo. Se esse silêncio faz bem na comunicação entre os homens, ele é muito mais importante no nosso relacionamento com Deus, como diz Bento XVI: “Se Deus fala ao homem mesmo no silêncio, também o homem descobre, no silêncio, a possibilidade de falar com Deus e de Deus”.
Temos necessidade daquele silêncio que se torna contemplação, que nos faz entrar no silêncio de Deus e, assim, chegar ao ponto onde nasce a Palavra – a Palavra Redentora.
Jesus sabia, em seus discursos e diálogos, alternar com eficácia os momentos de fala e de silêncio. O silêncio que jamais foi ausência de mensagem, mas um espaço fecundo de revelação.
Muitas vezes, reclamamos que Deus não fala conosco, mas, na verdade, somos nós que não aprendemos a ouvir o que Ele nos fala, ainda quando está em silêncio.
Afinemos os ouvidos e o coração para aprendermos a acolher o silêncio de Deus e, cheios dEle, comunicarmos ao mundo, pela nossa fala e vida, aquilo que ouvimos no profundo do nosso coração.Evangelizar requer de nós essa sabedoria: combinar a fala e o silêncio, o discurso e a reflexão.Precisamos diariamente exercitar a escuta, saber ouvir e discernir o que chega aos ouvidos e ao coração.
Como cristãos, somos chamados a “escutar olhando e olhar escutando” a realidade que nos rodeia. É assim que conseguimos nos unir e ser “pontes”.Dificilmente seremos “porta vozes” de Deus, se nos deixarmos envolver pelo barulho e correria deste mundo.
Mons. Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova, compôs uma música que diz: “...ouço o Teu silêncio, meu Senhor, para distinguir só Tua voz...”. Podemos questionar: “Como escutar o silêncio e, nele, distinguir a voz do Senhor?” Pode parecer estranho a princípio, mas é necessário que estejamos continuamente reaprendendo a ouvir o silêncio como condição para uma fala com mais qualidade e profundidade.
Cônego Pedro Paulo Scannavino
Paróquia São João Batista
