Você já reparou que a vida é como uma escola e que aquilo que nela aprendemos tem que ser aplicado para não ser esquecido?
Há alunos que aprendem rapidamente, tiram o máximo proveito das lições e conseguem o diploma de sábio. Outros esquecem os ensinamentos e repetem continuamente situações angustiantes.
A vida, como a natureza, tem verdades muito simples que devem ser respeitadas. A maioria delas nós já conhecemos, às vezes, até intuitivamente.
O mundo moderno nos convida à correria e, em função disso, não temos tempo de observar a natureza – nossa grande mestra. Quem olha o mar e percebe as marés, as ondas e os ventos pode verificar como tudo tem um ciclo: o dia e a noite, as estações do ano, o sol e a chuva, a vida e a morte...
O ser humano, com sua sede e fome de poder, procura imobilizar a vida e torná-la “certinha”, rígida como uma estátua. Sabemos, porém, que a vida é dinâmica e está em contínua mudança. Hoje estou bem-disposto e feliz, mas amanhã posso estar diferente. Em certos momentos a vida está tranquila como o voo de um ultraleve; no momento seguinte poderá estar envolta em nuvens de dificuldades. Mais um pouco, as nuvens vão embora e a claridade volta a iluminar.
A vida flui como as ondas do mar. Como um surfista, precisamos aprender a aproveitar suas subidas e descidas, mergulhar e retornar à superfície, mantendo-nos nessa superfície de acordo com o movimento da água.
Quando resolvemos eliminar de nossa vida o fluxo das ondas, permanecendo apenas como observadores passivos, anulamos nossa força vital. A rigidez é característica dos cadáveres e das estátuas. Quando uma pessoa se acomoda, a rigidez se torna inevitável. Ela pode fazer barulho, chamar a atenção dos outros, mostrar que seus problemas são dignos de preocupação, mas, no fundo, “já morreu” e está apenas esperando pelo “dia do enterro”.
A vida é uma interminável aventura: é uma nova relação amorosa que aparece, um projeto desafiador, um trabalho inédito, uma viagem inesperada, um novo amigo na vizinhança, a morte de um parente, o nascimento de um filho..., enfim, as ondas intercalam-se entre momentos alegres e tristes, tranquilos e agitados, como constatamos na natureza. Se vivenciarmos cada um desses momentos, estaremos tomando as rédeas da existência e dando a ela consciência e qualidade. Do contrário, a vida passa e não a vivemos devidamente.
Cônego Pedro Paulo Scannavino Paróquia São João Batista