Geralmente, quando as pessoas procuram um aconselhamento, o que elas desejam mesmo é uma “receita” infalível que venha solucionar seus problemas de maneira prática e rápida. Nem sempre essas pessoas são satisfeitas no seu desejo. A raiz de nossos problemas quase sempre a encontramos na educação familiar.
Lembro-me do caso de um rapaz que me procurou tempos atrás. Jovem inteligente, talentoso, fruto de uma família carinhosa e unida. Porém, seus pais eram “super protetores”, esforçavam-se com todos os meios para tirar as “pedras” do caminho do filho. Faziam tudo por ele. Não o deixavam aprender a viver por si próprio. Como eram abastados, ele não precisava trabalhar. Nunca aprendeu a lutar por seus sonhos e objetivos. Iniciou uma dezena de negócios diferentes, mas nenhum deles foi adiante. Nas raras vezes em que conseguiu um emprego, pediu demissão semanas depois. Dizia que o salário não compensava tanto esforço etc. etc. Casou-se, porém, diante das primeiras dificuldades e atritos, separou-se. Infelizmente, não adquiriu o gosto de superar obstáculos.
Depois de muitas “cabeçadas”, já com mais de quarenta anos, resolveu “encostar-se” novamente na casa dos pais, embora a situação deles não correspondesse às suas expectativas. Na verdade, seu sonho era, na idade adulta, continuar como na infância, com toda a mordomia e falta de responsabilidade pessoal. Seria isso possível? É claro que não!
Temos que aprender e praticar, com convicção, que desde a mais tenra idade é preciso ter disciplina, valorizar tudo o que nos foi concedido, dos maiores aos menores valores, nunca nos esquecendo de que Deus nos agraciou com dons e talentos indispensáveis para conseguirmos, por nós mesmos, a nossa realização.
A função de responsáveis pela educação e formação dos filhos não pode ser confundida, como se os pais tivessem poder e autoridade absolutos sobre eles, anulando a personalidade de cada um.
É fundamental que, na proporção em que os filhos vão crescendo e amadurecendo na formação de seu caráter, vá também diminuindo a obrigatoriedade de ditar ordens e normas de conduta por parte dos pais. Quando os filhos já estão crescidos, cabe aos pais alertar, chamar atenção para se evitar algo prejudicial, sugerir atitudes positivas, porém, não mais impor sua própria vontade.
No respeito e na amizade, a saudável convivência entre pais e filhos certamente trará bons e desejáveis frutos para ambos.
Cônego Pedro Paulo Scannavino Paróquia São João Batista