Tradicionalmente em nossa sociedade existe, ou já existiu, a “Festa de Debutantes” para meninas que passam para a idade juvenil.
Entre os índios Cherokees, existe também o rito de “passagem da juventude” para os meninos da tribo. O pai leva o filho para a floresta durante o final da tarde, venda-lhe os olhos e deixa-o sozinho. O jovem índio se senta no topo de uma montanha durante toda a noite e não pode remover a venda até que os raios de sol brilhem no dia seguinte. Ele não pode gritar por socorro. O menino está, naturalmente, amedrontado. Ele pode ouvir toda espécie de barulho. Os animais selvagens podem estar ao redor dele. Talvez alguns humanos possam feri-lo. Os insetos e cobras podem vir a picá-lo. Ele pode estar com frio, fome e sede. O vento sopra a grama e a terra sacode os tocos, mas o menino se senta estoicamente na montanha, nunca removendo a venda dos olhos. Se passar a noite inteira lá, será considerado um homem. Ele não pode contar a experiência aos outros meninos porque cada um deve tornar-se homem do seu próprio modo, enfrentando o medo do desconhecido.
Segundo os índios Cherokees, esse é o único modo dele se tornar um homem. Finalmente... após essa noite horrível, o sol aparece e a venda é removida, Ele, então, descobre seu pai sentado também na montanha, perto dele. O pai estava a noite inteira protegendo o filho de todo e qualquer perigo.
Esse ritual dos índios Cherokees é muito semelhante àquilo que acontece conosco durante toda a nossa existência. Da concepção até o nosso último suspiro de vida, também estamos de “olhos vendados” com relação à nossa vivência diária. Temos, muitas vezes, a impressão de que nos encontramos sozinhos, sem entender os fatos, os acontecimentos, perigos e preocupações de nosso dia a dia. Até parece que Deus está ausente, distante, indiferente a tudo o que se passa conosco. No entanto, no silêncio de sua presença, Ele está muito mais perto de nós, nos protegendo, nos amparando, providenciando tudo o que nos é necessário para sermos felizes aqui na terra e perpetuar essa felicidade no Céu.
Cônego Pedro Paulo Scannavino Paróquia São João Batista
