Há pessoas entre nós que se prendem somente ao presente e, mesmo assim, superficialmente, olhando apenas seus próprios interesses e vantagens pessoais. Não param para analisar os fatos em vista daquilo que pode acontecer futuramente.
Para ajudar-nos, aqui vai uma historinha:
“Conta-se que um rato, observando o fazendeiro que abria os pacotes de compras, pensou logo em que tipo de comida poderia ter ali. Ficou aterrorizado quando descobriu que era uma ratoeira. Foi para o portão da fazenda, advertindo a todos: ‘Tem uma ratoeira aqui na fazenda’. Diante desse alerta do rato, a galinha, ciscando, levantou a cabeça e disse ao rato: ‘Desculpe-me, sr. rato, eu entendo que é um grande problema para o sr., mas não me prejudica em nada, e pouco me importa’. O carneiro disse ao rato: ‘Desculpe-me, sr. rato, mas não há nada que eu possa fazer a não ser orar. Fique tranquilo que o sr. será bem lembrado nas minhas orações’. O rato dirigiu-se então à vaca. Ela disse: ‘O que, sr. rato, uma ratoeira? Por acaso eu estou em perigo? Acho que não!’... Então o rato voltou para a toca, abatido e cabisbaixo, para encarar a ratoeira do fazendeiro. Naquela noite, ouviu-se um barulho como o de uma ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego. No escuro, ela não viu que a ratoeira pegou a calda de uma cobra venenosa. A cobra picou a mulher. O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que, para alimentar alguém com febre, nada melhor do que uma canja. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal – a galinha. Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los, o fazendeiro matou o cordeiro. A mulher não melhorou e acabou morrendo. Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro, então, sacrificou a vaca para alimentar todo aquele povo”.
Caro leitor, quantas vezes, diante de fatos e noticiários, com tristeza nós lamentamos, julgamos e condenamos pessoas que erram e são punidas!? E, tranquilos, dizemos: “Ainda bem que não estamos na pele dessa gente! Eles erraram, prejudicaram inocentes, foram com muita sede ao pote... Bem feito! Erraram, então merecem castigo dos bravos, a fim de servir como lição de vida”.
Será que essa conclusão não tem nada a ver com a nossa historinha?
Embora à primeira vista a ratoeira só era uma ameaça para o rato, os demais (galinha, cordeiro e vaca) podem dizer: “Isso não me atinge; não tenho nenhuma preocupação; o rato que se cuide; não tenho nada a ver com isso?”.
Será?
Lembremo-nos que o amor e a solidariedade sempre devem estar sempre presentes em nosso convívio social cristão!
Cônego Pedro Paulo Scannavino Paróquia São João Batista