Devido à falta de clareza em nossa formação e informação, muitos são os que desejam cumprir o mandamento do Cristo de perdoar, mas acabam confusos e impotentes para praticar essa virtude do perdão.
Fundamentalmente, perdoar é uma atitude racional, isto é, ela depende de nossa razão e da vontade de perdoar, e não apenas do nosso sentimento e sensibilidade, para os quais se exige esquecer, não sentir raiva ou mágoa, “deixar pra lá”, ficar indiferente, na base do “faz de conta que nada aconteceu”. Isso é praticamente impossível. Como podemos nos responsabilizar por uma reação espontânea, que excede nosso próprio domínio, que extrapola nosso querer ou não querer?
Embora teoricamente possamos entender a questão, na prática, podemos permanecer inseguros a respeito: “Será que eu perdoei a pessoa que me ofendeu?”.
Para facilitar não só a intelecção do ato de perdoar, mas sua vivência concreta, recorreremos a algumas dicas práticas.
Preste bem atenção neste teste de cinco itens. Se você realizar cada um deles satisfatoriamente, você conseguiu perdoar de fato. Se houver algum item que ainda não foi superado, procure se esforçar para superá-lo. Aí, não só sentirá paz de consciência, mas também terá a certeza de haver perdoado seu desafeto.
Teste:
1) Este item é o primeiro e o mais importante: Querer perdoar e entregar a questão nas mãos da Providência Divina, para que Deus, que tudo conhece dos dois lados, dê a cada um o que Ele achar que é o merecido;
2) Não desejar mal, não se vingar, não rogar praga, não rir da desgraça do ofensor, se esta, de alguma forma, ocorreu;
3) Quando ouvir algum elogio a respeito do ofensor, não interferir negativamente, dizendo: “Você não conhece a ‘peça’, por isso você o elogia” etc;
4) Se algum dia esse ofensor precisar de você, se ele se vir obrigado a recorrer à sua ajuda, procure atendê-lo sem cobranças ou humilhações, não lhe jogando na cara aquilo que ele fez contra você;
5) Quando fizer suas orações, inclua a intenção pelo ofensor. Que ele, pecador como nós, seja acolhido pela misericórdia de Deus, que sempre nos amará, dando-nos o seu perdão.
Lembremo-nos das palavras que proferimos na oração que Cristo nos ensinou – o Pai Nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
Quando, diariamente, você reza essa oração, já parou para avaliar o conteúdo dessas palavras que profere diante de Deus?
Cônego Pedro Paulo Scannavino Paróquia São João Batista