É muito comum ficarmos impressionados com as consequências dos fatos, menosprezando suas origens ou fontes responsáveis das mesmas.
Quem não se sente assustado e impotente diante do vandalismo, rebeldia ou agressividade de crianças, adolescentes, jovens e até adultos?
Certamente, não foi de repente que chegamos a esse ponto. Isso é fruto de algo que não se levou a sério na ocasião devida. São palavras que não foram ditas ou atitudes que não foram tomadas, que pareciam insignificantes e sem importância, que pais e educadores deixaram passar quando os filhos e educandos ainda eram pequenos e imaturos e mais sensíveis a correções.
Para que a educação e a formação sejam coroadas de êxito, é necessário, efetivamente, uma única e harmoniosa direção ou meta que se pretende atingir. Se os pais e educadores, civis ou religiosos, não falarem a mesma linguagem, o prejuízo será inevitável.
Exemplificando, vou citar um caso muito frequente entre nós: Os pais recebem uma reclamação da escola a respeito de seu filho. Qual deve ser a atitude dos pais? Simplesmente acreditar na versão do filho, posicionando-se contra quem reclamou, sem ao menos constatar a realidade, ouvindo os dois lados? Ou duvidar sistematicamente do filho, dando razão à escola, como se o errado fosse sempre o filho? Qual seria a melhor atitude a ser tomada diante do fato? É preciso ouvir primeiro o filho e, com ele, procurar o autor ou autores da reclamação. Então, juntos, devem constatar de quem é a razão e, só depois, tomar alguma atitude.
Outro fato que também nos chama a atenção é que, nos dias de hoje, a convivência familiar certamente fica comprometida e a educação dos filhos é prejudicada devido às circunstâncias em que vivem pais e filhos, a necessidade do casal trabalhar fora, a correria e preocupações diárias... Por causa disso, muitos pais e mães procuram compensar sua ausência e falta de qualidade de sua presença diante dos filhos. E embora com a mais reta intenção possível, nem sempre essa compensação é bem dosada e eficaz. Geralmente, existe exagero, falta de controle e de disciplina. Com isso, os filhos ficam mal-acostumados e inseguros, sem o equilíbrio emocional adequado, sem o critério correto de certo ou errado, de verdade ou fantasia, de propriedade e solidariedade, de hierarquia de valores e uma série de consequências imprevisíveis.
Cada dia que passa, vai se tornando mais claro que amar e cuidar dos filhos como pais verdadeiros não significa apenas providenciar comida, roupa, diploma e bem-estar material, mas tudo fazer para que sua presença seja de qualidade e corresponda à carência dos filhos. Para tanto, escute mais e fale menos!
Cônego Pedro Paulo Scannavino Paróquia São João Batista