Muitos são aqueles que confundem felicidade com prazer, necessidade básica com consumismo. Todos nós sabemos que a verdadeira felicidade traz consigo uma carga muito grande de prazer, porém, nem todo prazer traz felicidade verdadeira. Quem não tem referenciais acaba também perdendo seu objetivo, sua meta de vida!
Existem pessoas que passam a viver unicamente para si mesmas e para seu prazer. Isto está acima de tudo e de todos, sem nenhuma restrição, a qualquer preço. Para elas, para viverem bem, deve-se evitar a luta e, especialmente, o sofrimento. Não questionam se é um prazer lícito, salutar, abençoado por Deus. Para elas, o prazer tem um valor em si mesmo. Para alcançá-lo, vale qualquer caminho. Ele é bem maior que tudo. Diante dele, tudo e todos devem ser sacrificados.
Como essas pessoas vivem para o prazer sem limites, quanto mais coisas possuem mais se sentem “falsamente felizes”, porque, para elas, o “ter” virou sinônimo de liberdade. Quanto mais têm mais “livres”, ilusoriamente, se sentem. Fazem o que querem, quando e como querem. Pensam que só é livre quem tem bens materiais em abundância e, de preferência, da última moda. Por isso, não podem criar vínculos com nada e nem com ninguém, pois o consumismo se fundamenta na capacidade de substituir. A felicidade está escondida naquilo que ainda não possuem. O melhor é sempre o “novo” que ainda não têm. Daí, o melhor é não se apegar às coisas.
Para sustentar e solidificar tudo isso, é preciso viver a doutrina prática do materialismo, na qual o valor da pessoa está naquilo que ela tem. Mas não se trata de, simplesmente, possuir um bem que satisfaça as necessidades fundamentais de moradia e locomoção, por exemplo. Nesse materialismo, nunca se contentam com o que têm. É preciso sempre possuir algo novo. Não mais de suprir uma necessidade, mas de criar “novas” e até “falsas necessidades” que possam nutrir o consumismo.
Se a liberdade dessas pessoas é definida a partir do que possuem, para elas, ser livre é possuir cada vez mais. Também aqui existe uma preocupação com os aspectos éticos: Tudo é permitido. Importa o “ter” cada vez mais, e não o “ser” como Deus quer.
Nada é proibido ou imoral? O importante é não ser descoberto? Não interessa os meios que se use para adquirir as coisas, mas possuí-las conforme “manda a moda”?!
Você, caro leitor, concorda com isso? Você percebe para onde caminha a humanidade sem Deus, sem religião autêntica, sem corresponder aos planos do Criador?
Deus organizou muito bem o universo! Colocou nele uma ordem ou hierarquia de valores. Embora Todo Poderoso, Ele respeita a liberdade do ser humano. Se este quer ocupar o lugar do Criador e “badernar” a ordem das coisas a seu bel prazer, não tem nenhum direito de reclamar de Deus, se o homem teima em caminhar para o caos.
Cônego Pedro Paulo Scannavino Paróquia São João Batista