Certo dia, um cidadão passou ao meu lado, pedalando uma bicicleta. O veículo estava personalizado com diversos acessórios de moto, tais como: bagageiro, guidão e manoplas, espelhos retrovisores, enfim, na sua imaginação, ele estava pilotando uma moto, só faltando o ronco do motor. Mas a essência era mesmo a de uma bicicleta, maquiada para se parecer com uma moto.
Esse fato me fez pensar o seguinte: Por que algumas pessoas perdem a naturalidade de “ser o que são”, para pretender “ser o que não são”? O homem foi criado para ser “homem” e não “super-herói”!
Explico: No máximo, podemos desenvolve um outro talento, mas a nossa essência será sempre a mesma, repleta de acertos, erros e inseguranças. Nesse caminhar, cada um escreve sua própria história, tendo razão ou sabendo a hora de ter razão.
“Conta-se que um filósofo perguntou a um jovem: Diga-me: para que serva a flauta? Para ser tocada, respondeu o aprendiz. Não, disse o sábio, a flauta existe para ser tocada bem e com docilidade. A seguir, ele tornou a perguntar: Para que existem os olhos? Para ver, foi a resposta. Não, os olhos existem para se ver bem, com inteligência e discernimento. E para que existe o Ano Novo?, quis saber o filósofo. O jovem disse: Não sei, mestre! Disseste bem, porque não há certeza de nada, ou melhor, há, sim, a certeza de que com Deus estaremos sempre recomeçando; a certeza de que precisamos continuar; a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.”
Portanto, devemos fazer da interrupção um caminho novo; da queda, um passo da dança; do medo, uma escada; do sonho, uma ponte; da procura, um encontro.
Deus não força ninguém, somente propõe, convida, aconselha, porque Ele sabe que não importa o que o mundo é e como estão os homens e mulheres, mas onde todos devem chegar. Só quando o “eu-desejante” conseguir conviver harmoniosamente com o “eu-realizante” é que seremos novos homens. Então a vida não passará mais inutilmente.
Cônego Pedro Paulo Scannavino Paróquia São João Batista