O aposentado

“Amadurecemos com a idade, como sugerem as pesquisas? Ou acumulamos azedumes e rabugices?”. (Cláudio M. Castro)


Esta é a pergunta: Ficamos cada vez mais impacientes com a burrice humana? Ou mais blindado contra elas? O idoso é ele e suas circunstâncias. Quem é jovem também precisa ler com atenção. Você vai envelhecer!

Tema polêmico: “O aposentado”. Para o psicólogo: A. Maslow: Ficar mais velho significa uma perda progressiva da motivação para fazer as coisas e lidar com desafios. Mais e mais eventos que antes eram desejados e realizados, agora deixam a desejar. No caso as faculdades mentais, segundo pesquisas, degradam-se. A memória para nomes e datas vai se confundindo. Coitado do professor que com essa idade provecta pretende voltar à cátedra! Ele não tem mais “fôlego”. Geralmente está acometido da doença: DPOC. Ele é perfeccionista e agora educador e tenta passar aos alunos valores. Só não percebe que os adolescentes  vivem em uma realidade diferente e o acham “implicante”. Para complicar, os aprendizes não trazem de casa: normas, regras, limites e nenhuma espécie de disciplina. Uma lástima!

A boa noticia é que a capacidade de julgamento a sabedoria progridem e amadurecem com os anos. Mas é bom não perder de vista que a inteligência reage como um músculo. A qualquer idade é fortalecida com novos exercícios de raciocínio e tende a enfraquecer-se, mesmo desaparecer com a inanição. Daí a importância de exercitar a ambos. Se ficarmos esperando pela morte, ela virá célere. Conversa de doença não faz bem à saúde. Também não é aconselhável à boa saúde mental, voltar aos lugares em que se viveu ou trabalhou. Vai ser muito desagradável, não vamos encontrar conhecidos e ser tratados como estranhos. Muitos não existem mais ou estão em lugares desconhecidos.

Quando caminhamos pelas ruas percebemos quem é aposentado. O andar lento sugere que não quer chegar à parte alguma. Os olhos para baixo, tristes, fixos no chão, não é só para não tropeçar, mas também olhar para que se lhe negam o olhar... O traje do idoso é sempre social: a melhor calça, camisa, sapato é tudo do melhor que tem para compensar as perdas elevando a auto-estima tão abalada.

Pior ainda para quem lê obituário. Para que saber dos amigos que morreram? Isso só mostra sua vocação para a morte. Credo! Lê não cara! A solidão de braços com a tristeza é fatal, a alma fica doente. Como existe a nota de óbito deveria existir a nota de nascimentos. Aí sim seria ótimo para acreditar nas vidas que vão conduzir a humanidade. Por isso, vale o conselho de Samuel Johnson: “Enquanto jovem é preciso cultivar os amigos, pois com a idade vai ficando difícil renovar o plantel”.

Mas a vida continua assim mesmo: a decadência do corpo é visível. Enxerga mal ouve menos. Dói aqui, dói acolá, cada vez mais indisposições... Só o “Senhor” mesmo... Dormir à noite toda? Nem pensar! Cada vez mais remédios para isso ou para aquilo. Lembro-me de ter ido a um médico em Tremembé- SP. Dr. Jorge de Faria Pereira e ele me disse:

“Sabe com a sua idade, o que você tem tende a piorar e o que você não tem tende a aparecer”. Não vou esquecer as sábias palavras do clínico.

A tal idade pode reunir boa experiência acumulada, mas é aquela que nos obriga entrar mais e mais vezes na farmácia e sair de lá com uma sacola de remédios, deixando mensalmente boa parte do minguado salário, conquistado após décadas de trabalho. Entendemos que precisamos dos avanços da medicina para melhorar estilos de vida para frear a espetacular degradação do corpo, mas, fazer dietas, exercícios físicos, controlar o sal o açúcar, priorizar refeições frugais, ajudam a compensar a defasagem: enfermidades versus saúde.


Reflexão – O que somos é o que fizemos do que o tempo fez de nós. Aposentar-se é só mais um estágio da vida. Há ganhos irrefutáveis, há uma melhor compreensão do significado da vida. Tudo muda agora. O que vem para nos ferir perde a direção. As palavras do contra perdem o significado. A maldade não chega mais. A indiferença não faz mais sentido. E o mais importante, isto não é ter sorte é ter Deus. Tudo muda quando entendemos que Deus está no controle de tudo.


É Dr. Jorge está certíssimo. A natureza humana é assim mesmo. Já a natureza de Deus é diferente. A linguagem do amor basta: “O que você tem de bom tende a aumentar. O que você não tem de bom tende a aparecer”.


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

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