“O futuro não nos pertence, nós pertencemos a ele. Nós não escolhemos o futuro, mas ele nos escolhe”. (José Ortega Gasset)
Era uma vez um rei que vivia querendo aprender sempre mais. Esse rei era muito respeitado pelos nobres e tinha grande popularidade, pois não desprezava os menos favorecidos prestando ajuda às famílias pobres. Todos o admiravam por sua determinação, humildade, franqueza e principalmente justiça.
Um dia o rei mandou chamar um ancião que era considerado um guru grau máximo em sabedoria. O rei desejava conhecer melhor a vida. Logo os líderes do castelo providenciaram para que o guru estivesse no palácio real. Não demorou muito e logo o sábio encontrava-se na presença do rei. Ao aproximar-se do imperador, cumprimentou-o respeitosamente e disse: “Excelentíssimo, alegra-me estar na presença de vossa majestade, mas diga-me como poderei ser útil ao senhor rei?”
“Sim admirável guru, preciso aprender um pouco mais sobre a vida para poder resolver situações de emergência. Desejo que me explique inicialmente, o que é vida?” “A vida”, disse o guru: “É uma breve luta onde a vitória é vã e o vencedor nada ganha”.
“Estou gostando e aprendendo, pode continuar”, disse o rei. E o sábio prosseguiu: “A vida, seja do rico ou do pobre, do poderoso ou do serviçal, do intelectual ou do menos culto, é uma ilusão, uma quimera, uma sombra, uma fantasia. O maior bem, meu amado rei é transitório, solitário, passageiro, porque toda vida é um sonho e os sonhos, sonhos são. O véu que cobre a ilusão da vida é enganoso e diáfano, por esta razão deixa passar só um pouco de luz, só um pouco...”
O rei estava extasiado com as palavras esclarecedoras do sábio e logo fez a pergunta principal: “Agora meu caro guru, desejo saber o que deverei fazer quando estiver em um momento de extrema felicidade ou de grande tristeza e preocupação. Preciso saber qual deverá ser meu procedimento nessas diferentes circunstâncias?”
Após ouvir atentamente, o guru deu um sorriso e disse: “Majestade, se a vida fosse fácil e sempre igual não teria graça. Seria uma chatice de vida! Mas fica triste não meu rei! Não há mal que sempre dure, mas por outro lado não há bem que não se acabe” . E dizendo isto o guru escreveu quatro palavras em um papel e colocou-o em uma ânfora verde semi-transparente. Lacrou-a muito bem e disse ao rei: “O senhor só deverá abrir esta ânfora para conhecer o conteúdo quando estiver passando por grande tristeza ou sentindo extrema felicidade”. E dizendo isto se despediu de todos. E o rei ficou muito pensativo...
Passaram-se meses... E um dia o castelo foi atacado e invadido por um exército inimigo. O rei, todos os moradores e soldados tiveram que refugiar-se em uma grande floresta ali perto.
O rei estava muito triste, e não sabia o que fazer. Lembrou-se então da ânfora verde. Abriu-a, retirou o papel e leu a mensagem das quatro palavras: “ISTO TAMBÉM VAI PASSAR”.
Realmente aos poucos o seu exército foi se organizando, se recompondo, se fortalecendo e logo conseguiu enfrentar os invasores impondo uma derrota aos inimigos e principalmente, resgatando os domínios e as riquezas do castelo.
Após o combate vitorioso o rei achou por bem programar uma grande festa para que todos os soldados e moradores pudessem festejar e comemorar o feliz retorno às suas moradias. Era um dia de grande contentamento e felicidade geral. Todos cantavam, dançavam, tocavam seus instrumentos musicais, festejavam aquele momento de vitória e prazer. Só o rei permanecia imóvel em completo silêncio, observando a euforia do seu povo. E mais uma vez lembrou-se da ânfora verde e leu a mensagem: “ISTO TAMBÉM VAI PASSAR”. O rei entendeu que há sempre um amanhã e que tudo se transforma e nada permanece indefinidamente.
Reflexão – Há o que vem dos homens, (Albert Camus-1912-1960) “A vida será mais bem vivida se não tiver sentido”. (Essa vitória é vã!) E há o que vem de Deus, (Salmos) “Oh, provai e vede que Deus é bom. Bem aventurado o homem que nele se refugia”. (Essa vitória não é vã.)
Nota: Na cédula (dinheiro) está escrito: “Deus seja louvado”. Não sendo assim a vida vai ser uma ilusão, uma dor sem fim, entretanto quando existe solidariedade, inclusão dos mais carentes então é possível encontrar significado até na dor!
Antônio Valdo A. Rodrigues