“Grandes pensadores compartilham filosofia de vida com a gente”. (Simone de Beauvoir)
A vida é um bem que nós temos que pagar para ver de perto. O preço disto? Instantes. Uns com pompas outros como circunstâncias.
Instantes assim: um único beijo capaz de acender o fogo de devoção que perdura por décadas. Que tipo de homem, que tipo de beijo é esse que emplaca dessa maneira? Que instantes são esses inesperados, mas que insistem em permanecer na recordação? São coisas que temos que compreender e compartilhar com a parceria de Deus.
Então vamos ver como o pensador Rubem Alves nos seduz para o instante da vida não tão distante assim da morte. Vejamos.
“A morte. Não, não, a Morte não é algo que nos espera no fim. É companheira silenciosa que fala com voz branda, sem querer nos aterrorizar, dizendo sempre a verdade e nos convidando à sabedoria de viver.
Mas, afinal, o que ela diz? Coisas assim: Bonito o crepúsculo, não? Veja as cores, como são lindas e efêmeras... Não se repetirão jamais. E não há formas de segurá-las. Inútil tirar uma foto. A foto vai desbotar e será sempre a memória de algo que deixou de ser... É esta tristeza que a beleza dá? Talvez porque você seja como o crepúsculo... É preciso viver e identificar-se com o instante. Não é possível colocar a vida numa caderneta de poupança para vivê-la depois... Ela vai se atrofiar, se tornar frágil e nada forte.
Você sabe que horas são? Está ficando frio? E as cores do outono? Parece que o inverno está chegando... Vão ser também instantes... O que você está esperando? Como se a vida ainda não tivesse começado? Como se você estivesse à espera de algum evento que vai marcar o início real da sua vida: formatura universitária, descoberta do verdadeiro amor (verdadeiro?), casamento, ter uma família, criar os filhos, ficar rico, aposentar, viajar? Que coisa não? Como se os seus instantes presentes fossem provisórios, preparativos, não existissem, e os momentos futuros estivessem seguros à nossa espera!
Mas veja bem, os instantes são a única coisa que existe... E esta música que você está ouvindo? Verdadeiro alimento da alma. São outros que tocam, cantam, orquestram. Quem são esses outros? Lembre-se o que disse o poeta: “Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim”. Mas, se você é isto, esse intervalo, você já morreu... Acorde! Ressuscite! Você está esperando o que?
A branda fala da morte não nos aterroriza por nos falar da Morte. Ela nos aterroriza por nos falar da Vida. Na verdade a Morte nunca fala sobre si mesma. Ela sempre fala sobre aquilo que estamos fazendo com a própria vida, as perdas, os sonhos que não sonhamos os riscos que não tomamos (por medo), os suicídios lentos que perpetramos na insegurança de viver, uma “jornada de instantes” desejados, aguardados ansiosamente”.
Vivemos um personagem que protagoniza ao mesmo tempo força e fragilidade. Quando dizemos “nunca vamos conseguir” fortalecemos a fragilidade e empobrecemos os sonhos que são também instantes. Sonhos são como as salsichas... Melhor não saber como são feitas, desde que para se viver sejam saborosas de comer... Aliás, não é difícil a receita para ser feliz. Basta um coração bem cheio de pessoas queridas, instantes preservados, lembrados e muito de Deus presente.
Ninguém chega aonde chegou apenas por tomar importantes decisões, mas por tomar “decisões certas”. Assim, quando os instantes não são suficientes é porque não estamos “enxergando” bem, quem e o que existe ao nosso lado.
Erramos quando não percebemos que a pessoa certa é a que está bem perto e solidária, principalmente nos momentos incertos.
E terminando, nunca deixe de sorrir a uma pessoa especial, beijar alguém querido, abraçar afetuosamente o tempo necessário e dizer, “Não esquece que eu te amo!”
Bibliografia – Algumas leituras imperdíveis:
O livro da Filosofia - Autores diversos - Editora Globo;
Variações sobre o Prazer - Rubem Alves – Editora Planalto;
O Livro das Citações – Eduardo Giannetti – Companhia das Letras;
Nunca desista de seus Sonhos – Augusto Cury – Editora Sextante;
Bíblia Sagrada – Autores diversos – Editoras: Evangélica e Vozes.
Antônio Valdo A. Rodrigues