Os bem-vindos

“O amor é duas vezes abençoado; por aqueles que dão e por aqueles que recebem”. (St. Tomás de Aquino)


Amar não é “poetada frívola”. Vale a pena ver de perto este sentimento que é ao mesmo tempo prazeroso e doloroso. Antes de tudo é bom saber que o amor é a celebração da vida. Amar é uma aprendizagem que se renova e se realimenta o tempo todo. Primeiro são amigos, depois amantes e finalmente fortalecidos nas experiências recíprocas. O estímulo sexual é o “laço que une”, mas é temperado com ansiedade, insegurança. Amar é esse pecado às vezes solidário, às vezes solitário.

Amar é a um só tempo, confuso e mágico. O amor é descobridor de insignificâncias Ora o amor é o perfume de Deus. Ora é escutar o silêncio das paredes. Outras vezes é delirar com as palavras. Mas é o amor que norteia todas as áreas da vida. Estamos literalmente inseridos nele.

Vamos conhecer agora o que “falam” sobre o amor. Começando com Menotti Del Picchia e ele é polêmico. “Amor? Receios, desejos, promessas de paraíso. Depois... Afinal, e depois? Incompreensões, descontroles, dores sem remédio. Depois intolerâncias, pranto, depois vazio existencial, depois tédio...” Só faltou Menotti dizer: “E depois querida Amanda, há nada!”.

Para Cora Coralina, o amor é um sentimento de valores, sensibilidade, experiências que se fortalecem. Diz ela: “Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou... Ensinou principalmente a amar à vida, a ter sempre esperança, a não desistir da luta, mas recomeçar mesmo na derrota. Renunciar às palavras e pensamentos negativos. Acreditar nos valores humanos. Ser otimista! Crer numa força permanente que vai dando significado, ao encontro, à família  numa corrente de fraternidade universal. Creio na superação dos erros, das indecisões do presente”. Coralina é maravilhosa! Encoraja mesmo aqueles corações que insistem em permanecer adormecidos.

“Oi Valdo! Posso participar dessa roda de poesia sobre o amor?” Sem problemas, mas quem é você? “Eu sou Guilherme de Almeida!” O poeta de Campinas? “Sim, ele mesmo!” Ora Guilherme, vá em frente, mas vê se não complica muito viu? “Não tenha receio Valdo, são apenas algumas palavras... Uma mulher me disse: ‘Vem comigo! Fecha os olhos e sonha meu amigo! Sonha um lar, uma humilde e doce companheira que queiras muito e que também te queira. Uma simples, mas feliz casa. Cortinas brancas na vidraça. Canário que sempre vem cantar nas árvores. Que linda é a vida! E sua vida mais vida ainda, eu sendo sua mulher e você meu esposo! Com certeza pela primeira vez eu comecei a ver dentro da própria vida o encanto de viver!” Valeu poeta! Não vamos nos esquecer dessa bela mulher. Ela existe e o homem valoroso também.

“E eu, posso entrar nesse encontro de poetas?” E agora quem é? “Eu sou Oswald de Andrade”. Você é sempre bem vindo! Fique à vontade para expressar-se! “Então, vamos lá Valdo! O amor é um relógio no qual sentimos em seu ritmo as batidas do tempo que passa.

As coisas vão. As coisas vão e veem. Não em vão. As horas vão e veem. “Não em vão...” Bravo Oswald! É verdade o tempo é um senhor respeitável!

E os “bem-vindos” foram embora, mas, deixaram claro que a superioridade e suficiência do amor exige compromisso, propósito, dedicação exclusiva em atitude e ação. Quanto ao “convívio”, parece ser feito mais de “serviços” do que “benefícios”; mais de “ônus” do que “bônus”; mais de “perguntas” que “respostas...” Isso mesmo, quando a gente pensa que conhece todos os caminhos da jornada a vida vem e apresenta inesperados atalhos... É, a vida compõe-se mais de ilusões perdidas, do que de sabedoria adquirida.


Reflexão – Muitos teem medo de amar. O medo de amar produz homens e mulheres covardes, viciados em seu pequeno mundo de materialismo generalizado. Vem de Karl Marx esta preciosidade. Veja: “A exigência de abandonar as ilusões sobre a sua situação é a exigência de abandonar uma situação que necessita de ilusões”. Profundo não? Só para os que ousam amar e sabem que a versão correta de vida é amar sem cortes...

Outra coisa, onde há amor não pode haver sutilezas. Veja: “Se eu fosse marinheiro, não pensava em dinheiro, não pensava em conforto... Se eu fosse marinheiro bastava um amor em cada porto”. E como há “marinheiros convictos sutis desembarcados”, soltos neste tumultuado mar da vida!


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

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