“O amor é uma ponte do nosso conhecimento mais pobre para o nosso conhecimento mais rico”. (Max Scheler)
È preciso discutir melhor as relações entre o homem e a mulher. Não tem como aceitar passivamente que sejam criaturas infelizes, incorretas e complicadas. Ah, isso não! Não acho que homem e mulher sejam bobos! É verdade que eles entram no casamento emocionalmente nus, como ilustres estranhos.
Mário Sérgio Cortella bate de frente: “O que está faltando às pessoas é ética e vergonha na cara!” A ética no dia-a-dia deveria ser radical e com uma precisão cirúrgica. Como assim? Assim, vida em família mais dócil e zelosa, com mais seriedade e não com esse caráter simplista, displicente como entendem seus membros. É fácil saber aonde isso vai parar!
Os seres humanos estão sujeitos à crise de ansiedade. O que tem que mudar é a abrangência da ética. Com um pouco mais de ética não haveria: luxúria, gula, cobiça, ira, inveja, orgulho, preguiça. A vida tem um tom mais sutil. Parece que estamos deixando de cuidar da vida para sermos cuidados por ela!
Amor em família parece ser a marcha de insensatez. Um aglomerado de coisas enroladas demais. Isto faz surgir cantos mal iluminados exigindo um olhar mais cuidadoso sobre a realidade. É o que vamos ver através das cinco faces do amor. São meios que justificam os fins: Atração, Romance, Segurança, Amizade, Abnegação.
Atração- Nesta primeira fase ocorre forte aproximação entre duas pessoas tendo como moldura o desejo. Ela e ele começam a se descobrir cada vez mais, entretanto cada um esconde bem escondidinho o seu verdadeiro “eu”.
Romance- O amor é provedor forte, doce e cativante. O contentamento é mútuo. Eles se “acham o mundo”, mas o mundo é bem maior que eles. Anseiam por beijos, mas não percebem que a melhor parte do beijo é antes e depois dos lábios se tocarem. Para ele sexo é tudo! Para ela nem tudo é sexo, o sexo apenas está no “pacote do casamento”. E só bem mais tarde eles vão entender que as coisas caem na mesmice e que o casamento é muito mais do que acontece na cama...
Segurança- Ambos desejam “se pertencer” com uma overdose de egoísmo. A sensação é de propriedade exclusiva de vigilância para que o propósito sexual exista somente dentro do casamento. Torna-se muito forte a razão, a paixão e a missão. A razão é a família antes de tudo, jamais permitindo que a família se torne desnecessária. A paixão é o amor imaturo, mas, a caminho da maturidade. A missão é ter em mente que não vai ser possível estar sempre certo o tempo inteiro.
Amizade- É a face maravilhosa do amor. É o parceirismo, companheirismo cativante, humilde, receptivo. A ênfase é o relacionamento paciencioso, tolerante. Agora a dedicação é uma concepção romântica confiável.
Não são mais dois perdidos em vãs ilusões, mas repercutem idealizações, deixando que a vida sempre os surpreenda.
Abnegação – Esta é a quinta face do amor. É a plenitude do amor maturidade. As leis familiares representam o alvo principal. É também o amor incondicional a Deus. Amor abnegado, amor ágape. Esse amor não é uma farsa, não é egoísta, mas, é exigente consigo mesmo. Reconhece o valor da responsabilidade e entende que Deus criou o homem e a mulher para uma relação estável e permanente na família com crescimento do começo ao fim.
Então é isso, toda sabedoria que a família precisa está contida nesta citação: “Se o Senhor não edificar a tua casa, em vão trabalham os que a edificam” (Salmos 127:1).
Reflexão – A vida também tem a sua desaceleração, seu atenuamento e vai ficando rala naturalmente. Vão existir mais azuis e menos carmins, mais tonalidades cinza e poucas cores vivas. É a natureza humana, agora fraca revelando que deveria ter se complicado menos com egoísmo, dinheiro, prazer desmedido e se empenhado mais com as coisas de Deus para não ter que conviver com o pior silêncio... O silêncio a dois.
Passamos a vida tentando abrir bons caminhos, mas é relevante pagar o preço das faces do amor. Isso mesmo, ternura despojada de materialismo, mas contaminada com afeto eterno e “merecido prazer”. Depois é só ligar os pontos para fazer uma correta leitura da vida.
Antônio Valdo A. Rodrigues