Essa vírgula

“Compreendê-la ajuda-nos a analisar corretamente as mais diferentes variáveis no sistema da língua portuguesa”. (Informe Didático)


Oi! Sou a vírgula. Tenho uma função muito importante na frase. Sou um sinal de pontuação. Eu sirvo para indicar uma pequena pausa na redação e também para separar palavras e expressões.

Muito legal conhecer-me bem para fazer uma correta comunicação, pois eu posso ajudá-lo a interpretar corretamente um texto. Então é isso, agora você vai ver de perto o meu jeito de ser mas ao ler as sentenças lembre-se de respeitar o meu tempo, o tempo da vírgula.

Entenda-me como sendo uma pausa nesta frase: “Não, espere”. Agora veja a frase sem pausa: “Não espere”.

Eu posso sumir com o seu dinheiro. Observe você deposita dinheiro no banco e vai receber mensalmente juros de: “23,4%” ou de “2,34%”?

Eu posso ser educada ou ser autoritária. Eu educada e cordial: “Aceito, obrigado”. Eu autoritária e autocrática: “Aceito obrigado”.

Também posso limitar a ação ou criar herois. Veja: “Isso só, ele resolve”. Criando heroi: “Isso só ele resolve”.

Também tenho poder de identificar quem é o vilão. Veja neste exemplo: “Esse, juiz, é corrupto”. “Esse juiz é corrupto”.

Eu posso mudar uma opinião de radical para investigativa. Eu sendo radical: “Não quero saber”. Agora eu investigativa: “Não, quero saber”.

Nesta frase eu estou sendo pessimista e depois otimista. Olha eu pessimista: “Vamos perder, nada foi resolvido”. Agora eu otimista: “Vamos perder nada, foi resolvido”.

Que coisa não? Como pode uma pequena e minúscula vírgula, quase imperceptível entre as palavras, ser capaz de mudar o sentido da frase! Mas vamos observar mais uma situação desta vez a vírgula confundindo o relacionamento do homem com a mulher. Ela escreveu ao namorado: “Se o homem soubesse o valor que tem a mulher, andaria de quatro à sua procura”. Ele escreveu à namorada: “Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher andaria de quatro à sua procura”. Espertinhos não? Cada um puxando a brasa para sua sardinha. E você leitor com quem ficaria? Com ele ou com ela?

Agora a “dona vírgula” indecisa, ausente na frase vai causar uma grande confusão com um inventário que foi bem escrito, mas, não recebeu pontuação. Aconteceu assim: Um cidadão já com idade avançada, bem doente, acamado, resolveu escrever o seu testamento assim: “Deixo os meus bens à minha irmã não ao meu sobrinho jamais ao mordomo”. Como interpretar estas palavras?

A irmã foi a primeira a explicar o testamento e fez esta pontuação: “Deixo meus bens à minha irmã. Não ao meu sobrinho, jamais ao mordomo”. O sobrinho fez a sua pontuação: “Deixo meus bens à minha irmã? Não. Ao meu sobrinho. Jamais ao mordomo”.

E chegou a vez do mordomo que foi logo dizendo: “Senhor juiz, tudo está muito claro, a herança é minha. Veja o que está escrito no testamento: “Deixo os meus bens à minha irmã não. Ao meu sobrinho jamais. Ao mordomo”.

E assim nunca termina este imbróglio porque a vírgula não foi usada corretamente... Dizem que até hoje o juiz está louquinho tentando compreender o verdadeiro sentido das palavras para resolver esta trapalhada e não cometer injustiça.


Reflexão – Pontuar é assim exige um esforço de análise e síntese que vai sendo assimilada pouco a pouco, ao longo do processo de escrever, ler e interpretar. O procedimento para se pontuar bem é uma prática que só se aprende pontuando, acertando e também errando.

Alexandre Herculano diz assim: “Eu não me envergonho de corrigir meus erros e mudar as minhas opiniões porque, não me envergonho de raciocinar e aprender”. E neste encerramento é bom conhecer o que o filósofo Salomão tem a dizer: “Sábio é o homem que conhece alguma coisa sobre tudo. Conhece tudo sobre alguma coisa. Esse é o mais sábio, pois tem humildade para estudar e aprender como se fosse viver eternamente e vive como se fosse morrer amanhã”.


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

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