O vento e o rei

“Assim como o sol exterior é visível e ilumina o mundo físico, Deus é um sol que ilumina o nosso interior”. (Tomás de Aquino)


“Uma antiga lenda conta que, ao regressar vitorioso das guerras pelos seus reinos do Oriente, o imperador romano, Caio Fábio, convocou todos os oficiais e líderes da comunidade para uma grande festa.

Durante a realização dessa confraternização ele disse: “Tenho realizado inúmeras conquistas e meu vasto império se espalha por todos os povos e nações. Meu exército é o mais bem treinado e poderoso no mundo. Sou inteligente, famoso, admirado, temido pelos meus inimigos e muito amado pelo meu povo”. Nesse ínterim, o orgulhoso rei declarou: “A partir desta data quero que todos me chamem: “Deus”, pois sou tão forte, grande e poderoso quanto Ele!” Os bajuladores logo se manifestaram com palmas e gritos, aclamando o Imperador com aplausos e brados de: “Deus, Deus, Deus, Caio Fábio é nosso Deus!”

Um velho e experiente mercador viajante, presente no banquete, vendo aquele delírio insano dos convidados, que em voz unânime, aclamavam o Rei como Deus, interrompeu a multidão e solicitou ao Rei permissão para fazer um pedido. O Rei consentiu e o visitante disse: “Senhor Deus Caio Fábio, venho pedir-lhe uma grande ajuda: Tenho neste instante um grande barco carregado de mercadorias. Acontece que o navio está encalhado em um banco de areia, próximo à praia”.O todo poderoso Rei que se considerava superior à natureza disse: “Não há problema nenhum! Mandarei sete dos meus melhores navios com os mais fortes remadores da minha Marinha de Guerra para rebocar esse seu barco até águas de navegação tranquila”.

Após o oferecimento o comerciante disse: “Não, Senhor Deus, não precisa incomodar centenas de homens remadores, apenas é suficiente que mande que o vento sopre duas fortes lufadas nas velas da embarcação e em segundos resolvemos o problema!”.

Todos olhavam o rei, esperando um gesto milagroso, ou seja,conectar o impossível com o imaterial... E o Imperador Caio Fábio, finalmente “caiu na real”, reconhecendo a sua infinita limitação e pequenez em querer se comparar com Deus. Fez-se silêncio no grande salão... Todos ficaram pensativos e constataram quão distante e absurda era a comparação de um simples homem com o próprio Deus”.


Debaixo de uma autoridade ostensiva, exuberante e vaidosa está sempre um mundo de desequilíbrio, desordem e violência. Quem ignora a existência de Deus suas chances sobem de nenhuma para zero. Afinal que planta, que animal, que elemento da natureza, que astro do Universo não traz a marca do Criador? Deus é a verdade e a luz não só hoje,  sempre!

Podemos saber exatamente o que somos: Vaidosos apenas! Usamos tanto a máscara da hipocrisia que esquecemos quem somos por baixo. O filósofo Aristóteles define bem esta busca de verdade: “Entre a humildade e o orgulho, prefira a modéstia. Entre a covardia e o arrojo, prefira a sabedoria”.


Viver com entusiasmo é super desejável. Com o tempo cada pedacinho nosso pode morrer, exceto a dignidade de ser um homem sensato.


Reflexão – O homem tem que saber conviver com as extravagâncias de maneira civilizada. Até porque nem sempre as extravagâncias são dos outros...

A conclusão desta historinha é que Deus e o homem são tratados com muita imaginação e realidade. Deus é a eterna razão de viver e não pode aparecer como segundo plano. A vida é um mistério a ser continuamente decifrado. Muitas vezes pensamos ter chegado... Tantas vezes é preciso ir além. Propósitos coerentes de vida sempre afetavam a eternidade ainda que não possamos entender onde começa e onde termina o nosso merecimento.

Boas histórias deixam marcas, ensinamentos. E para fechar este círculo de fatos um clamor: “Por tudo que deveríamos ter pensado e não pensamos. Por tudo que deveríamos ter dito e não dissemos. Por tudo que deveríamos ter feito e não fizemos... Oh grande Deus, ouve nossa súplica:  Nós te pedimos perdão!”


Antônio Valdo A. Rodrigues
Clima Bebedouro

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