O sábio persa

“O mais elevado ganho do ser civilizado é a autoafirmação’.(Hellen Keller)

 

 

 

Lenda - Conta uma lenda da tradição ‘Sufi’, que na Pérsia, hoje Irã, Capital Teerã, havia um sábio que estava sendo acusado por um delito que não cometeu. Ele percebeu a insensibilidade de quem iria julgá-lo e assim foi. O juiz perguntou: ‘O que você tem a dizer em sua defesa?’ E o sábio respondeu: ‘Sou inocente!’ ‘Pois bem’, disse o juiz, rindo ironicamente, ‘vou lhe dar oportunidade de você se inocentar. Escreverei em dois pedaços de papel: ‘inocente’, e no outro ‘culpado’. Vou colocá-los sobre a mesa e você escolherá um. Assim tudo dependerá de sua escolha’.

 

Plano desonesto – Os presentes acharam justa a decisão do juiz. O que eles não sabiam é que o magistrado escreveria ‘culpado’, nos dois pedaços e papel. E assim foi feito. Os dois papeis foram colocados sobre a mesa. O juiz pediu que o sábio escolhesse um papel e esse seria o veredicto escolhido por ele mesmo.

 

O sábio persa - Percebeu algo estranho no juiz, que não inspirava confiança, e que iria ser condenado injustamente. Então pegou um dos papeis, enfiou na boca e engoliu. O juiz, atônito, perguntou: ‘O que é isso? O que fizeste? Como vamos saber o que estava escrito no papel que você engoliu?’ O sábio respondeu: ‘É muito fácil meritíssimo! Basta o juiz abrir o papel que restou sobre a mesa e lê-lo. Se estiver escrito inocente, então sou culpado, mas se estiver escrito culpado, então eu serei inocente’. E assim, o sábio foi absolvido de todas as acusações’.

Moral da história – Uma vida digna e maravilhosa é possível. Deus não nos livra ‘dos’ medos e angústias, nos livra ‘nos’ medos e angústias, e não há o que temer...

 

Comportamento humano - O médico psiquiatra cubano, Emílio Mira y Lopez, analisando o comportamento do homem identificou o Medo, o Amor, a Ira, o Dever, como os principais gigantes da alma. Ele escreveu o livro: ‘Quatro gigantes da alma’ e afirma: ‘O bom relacionamento não acontece por acaso, ele é construído’. Vamos falar, um pouco, sobre esses ‘Gigantes’. Será que não é hora de enfrentar medos, angústias, enfim, reinventar a vida?

 

Amor – Sentimento de dedicação, de um a outro ser. O ser humano ama pessoas, gosta de coisas, adora a Deus. Amar é ter cuidado, zelo, carinho com o outro ser. Amor carnal é físico, busca a satisfação sexual. Amor platônico é elevada ligação amorosa, sem a aproximação sexual. Feliz aquele que no ocaso da vida possa dizer: ‘Que vida maravilhosa eu tive... Só deveria ter autoconhecimento, e amar mais...’

 

Ira – É cólera, raiva, indignação. Ímpeto de agitação e desejo de vingança. Impulsividade contra o que nos ofende, fere ou nos deixa desconfortável, zangado, furioso. ‘Que vida maravilhosa eu tive... Só deveria compreender que nada é fixo ou permanente. Deveria ter aceitado as pessoas como elas são...’

Dever – Ter obrigação de efetuar pagamentos de coisas materiais ou não. Dever é pendência moral, tarefa a ser cumprida. ‘Que vida maravilhosa eu tive... Apenas deveria ter visão para perceber que, a existência, é um fluir incessante e incontrolável de instantes...’

 

Medo – É o maior gigante da alma. É sentimento de grande inquietação ante um perigo real ou imaginado, de uma ameaça. O medo enfraquece o entusiasmo e tudo parece não ter motivação. ‘Que vida maravilhosa eu tive... Deveria apenas compreender mais cada instante, temer menos e acreditar que Deus estava presente em todos os ciclos de minha vida...’

 

Considerações finais- A vida é assim. Aprecie! Um dia é, um dia foi, um dia será. Tudo tem seu tempo, até para não ser mais... A nossa história sempre vai estar entrelaçada com os gigantes da alma. ‘Que vida maravilhosa eu tive...’ Maravilhosa? Como assim? Se um dia vou ter que me despedir, para todo o sempre, daquele ser que eu não fui, não sou e jamais serei?’

 

Nota – A existência deveria ser medida em momentos recordáveis, não em décadas vividas.

 

Antônio Valdo A. Rodrigues

Serra Negra–SP

E-mail: valdo11rodrigues@yahoo.com.br

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