“Julgar é claramente não entender. Se entendesse, não julgaria” (Clouzot)
Esclarecendo – Esta coluna não tem como foco ajudar. É preciso observar que, as realidades das pessoas, são diferentes. Dessa forma é suficiente compartilhar reflexões. Lembrando Carlos Drummond: ‘Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho ímpar’.
Problemas - O fato, a seguir, evidencia a falta de ‘jogo de cintura’ do comandante de um navio, e o ‘instinto de vingança’ do seu imediato. É bom lembrar, assim como o avião tem o piloto e o co-piloto, também o navio tem duas autoridades: o comandante e o imediato. Um ocupa o lugar do outro em caso de necessidade. Então, foi assim aconteceu...
A atracação – O navio atracou num porto para deixar e receber mercadorias, e fazer a manutenção prevista. O imediato estava de folga e passou o dia fora. Quando retornou, à noite, estava visivelmente alcoolizado. O comandante observou a irregularidade e disse: ‘Imediato, vou ter que registrar esta ocorrência no ‘Diário de Bordo’. O imediato implorou para que não o fizesse, pois prejudicaria sua carreira. É preciso frisar que o DB é documento lido pelos empresários e responsáveis pela embarcação. Mas de nada adiantou. O comandante disse: ‘Eu tenho que ser fiel à realidade, e, escreveu: ‘Neste dia de folga, o imediato retornou embriagado ao navio’.
Próxima parada – No porto seguinte era a folga do comandante. Ele era um profissional abstêmio, organizado, metódico. Ao voltar ao navio, sem qualquer espécie de irregularidade, se apresentou: ‘E aí imediato? Tudo bem a bordo?’ ‘Sim comandante. E com o senhor?’ ‘Também, tudo bem!’ ‘Então disse o imediato, ‘Eu tenho que ser fiel à realidade, e, escreveu no DB: ‘Neste dia de folga, o comandante, não estava embriagado, ao retornar ao navio’.
Julgar é difícil – As palavras confundem os relacionamentos e não revelam, com clareza, o que desejamos comunicar. É a vida, sempre repleta de sacolejos, muitos declives e, reviravoltas, confundindo as sensibilidades. Colocar-se no lugar do outro, ajuda a avaliar melhor.
Chanel – Gabrielli Chanel, rainha da moda e dos perfumes franceses, não aceitava recusa aos seus produtos. Não dava crédito às diferenças individuais. E perfume e vestimenta são coisas pessoais. Certa vez ao apresentar o perfume, Chanel número 5, a um grupo elitizado de senhoras, ouviu o comentário: ‘Não gostei! A fragrância é adocicada!’ Ela revoltada respondeu: ‘Se não querem isso, afinal, o que querem?’ Faltou à perfumista Chanel humildade e compreensão. Cada ser humano tem sua conexão sensorial, emocional e seu jeito de ser. Assim transita a humanidade, não existe argumento unânime, irrefutável. O pensador Franz Kafka diz: ‘É só por estupidez que alguns podem estar tão seguros de si mesmos’.
‘Eternity’ – Para mim esse é o mais requintado perfume feminino. ‘Paco Rabanne’, indiscutivelmente o preferido pelos homens de bom gosto. Mas, vamos aos fatos. Lembro-me de ter presenteado a minha amada com um perfume ‘Eternity’, no seu aniversário. Ela agradeceu, mas continuou utilizando o seu preferido: ‘Madame Rochá’. O que acontece com perfumes, acontece com coisas que estão no mundo. É sempre a sensibilidade, testando limites com os diferentes.
Considerações finais – Já é tempo de aprender que a vida é um paraíso, cercado de riscos por todos os lados. O lar é essencial para demonstrar amor. Há uma diferença entre ‘achar’ e ‘acreditar’. Muitos pais ‘acham’ que comprar coisas para os filhos, alimentá-los, vesti-los, colocá-los na escola é tudo. Não. É preciso ‘acreditar’ que existe algo mais: ‘ser sensível às necessidades deles’. É estar presente, orientar, ouvir, explicar, aconselhar, perguntar. É tarefa pesada, mas necessária, sem a qual se é meio pai, formando meio homem, com meio caráter e meio engajamento com o Criador.
Nota – Desculpem-nos o título e ilustração deste texto. Queríamos ter certeza que seria lido integralmente. A propósito, sexualidade diz respeito ao conjunto de fenômenos da vida sexual.
Antônio Valdo A. Rodrigues
Serra Negra – SP
E-mail: valdo11rodrigues@yahoo.com.br
