“O pensador é aquele que sabe como tornar as coisas mais simples do que elas são”. (Nietzsche).
Antes de tudo – Só é possível escrever um texto, quando estamos engravidados com o conteúdo. Depois vem a ‘gestação indispensável’ à obra. Finalmente é a satisfação de criar, de escrever, trazendo como avaliação e contrapeso o prazer de ler. Nenhum obstáculo será grande se a vontade de escrever for maior. Vamos a alguns fatos, em tempo real.
O terno novo – Certa ocasião, um pastor foi convidado para dirigir um cerimonial fúnebre. Para isso teria que utilizar um terno preto. Ele não possuía nenhum, também não tinha dinheiro para comprar. Resolveu ir a uma loja, brechó, de roupas usadas para encontrar algo útil. Não havia! A dona do brechó informou que ele encontraria o tal terno, nas casas funerárias, pois costumavam vestir os defuntos com trajes escuros.
Na funerária – O pastor encontrou, para sua surpresa, um terno do jeito que precisava. Era o seu número, a calça o paletó, o colete, pretos, e a um preço razoável. Empolgado comprou e foi paramentar-se para realizar o ato fúnebre.
Nas exéquias – Nas honras fúnebres, tudo transcorreu bem, até que, na metade da cerimônia ele, enquanto falava, distraído procurou enfiar a mão no bolso da calça. Nada! No paletó também nada! Depois de algumas tentativas frustradas ele constatou que o terno não tinha bolsos. Ficou indignado! ‘Vou lá reclamar. Quero saber como ele me vendeu uma roupa sem bolsos! Isso não se faz!’
A reclamação – ‘O senhor me vendeu um terno com defeito! Nele não há bolsos. Tem como trocar?’ ‘Posso até trocar!’, disse o dono da casa funerária, ‘mas aqui em nosso estoque, todos os ternos são assim, sem bolsos e sabe que ninguém ainda reclamou? Para onde nossos clientes vão não vão precisar de bolsos, carteiras, dinheiro, cartões de crédito, celular, nada! Lá esses bens são totalmente desnecessários, supérfluos. Então para que bolsos?’
Belo ensinamento - Mesmo que consigamos acumular riquezas, não vamos ter como levar, até porque o caixão não tem gavetas, tem alças... Bom lembrete! Alças para nos avisar que vivemos sozinhos, mas precisamos de pessoas para nos carregar. Tambem quando nascemos, quando vivemos estamos sempre sós.
Em tempo real – Observe atentamente, que viver é ato singular. Cada um ocupa seu próprio espaço e não aceita dividir. E assim a vida flui: somos únicos e, ao mesmo tempo, dependentes de alguém. Ou se está carregando, ou sendo carregado por alguém. Assim, mais importante do que olhar para trás, ou, olhar para o futuro, é perceber se em tempo real estamos reunindo o melhor esforço para que a família esteja unida, com propósitos estáveis e fundamentos espirituais.
Saudade – É lembrança nostálgica de pessoas queridas ou coisas distantes. Saudade traz em seu bojo, o desejo de tornar a vê-las, possuí-las. Uma lembrança saudosa pode ser bonita ou dolorosa. Saudade bonita é quando a gente ainda pode ver, tocar, sentir a pessoa querida. Saudade dolorosa é quando a pessoa ou coisa não existe mais. Isso doi. Aceitar a ausência sem murmurar doi menos.
O momento passa – E se alguém tem algo verdadeiro a dizer que se expresse agora e logo! Talvez não haja uma segunda chance, então se agarre à vida, em tempo real, enquanto é tempo. Um bom começo é dizer a quem está ao teu lado: ‘Eu te amo sabia? Você é muito importante para mim!’ Zelar pelas relações em família, ou entre amigos, não é uma apelação moralista é um compromisso, uma maneira prática de viver em tempo real.
Considerações finais- A hora de brincar de viver já passou! Cumprir todas as obrigações é coisa de gente que pensa um pouco. Pecadores e vulneráveis que somos, isso não é sinal de ‘coitadismo’, mas um alerta de que não estamos tão distantes do caos total, um apocalipse da sensibilidade. A capacidade de exaltar o ‘lado humano’, em tempo real, não pode ser olvidada. Não ter compartilhamento com o Criador é coisa perturbadora!
Nota – Parta do pressuposto de que o outro tem informações que você desconhece. Não subestime a experiência alheia!
Antônio Valdo A. Rodrigues
Serra Negra – SP
E-mail: valdo11rodrigues@yahoo.com.br