“O livro é um mundo que fala, um surdo que responde, um cego que nos guia, um ausente que vive”. (Antônio Vieira)
Fato inusitado - Na cidade de Jundiaí, na Praça São Bento, há diversas barracas que fazem o comércio de quinquilharias, lanches, coisas assim. Mas o destaque é uma pequena barraca azul. Por quê? Porque mesmo não tendo um líder presente, há livros grátis.
Como funciona? - Algumas frases, bem visíveis, explicam sobre a sua finalidade: ‘Ligue-se na leitura! Livros grátis! Retire quantos quiser, reponha outros quando puder. Ler é conhecer um mundo dentro de si. O homem que lê vale mais’ A gente se faz grande quando compartilha não com o que sobrou, mas com o que o outro precisa. Muitos doam livros e dirigentes de barracas próximas ajudam na vigilância para não haver abusos. Sempre levo a Jundiaí, bons livros.
País imenso – O Brasil tem 5.300 cidades. Só no estado de São Paulo, há 1500 municípios. Como seria educativo se cada cidade tivesse, pelo menos, uma barraquinha do livro grátis! Ler um livro e guardar é uma espécie de ‘egoísmo disfarçado de zelo’. Seria melhor facilitar o encontro desse livro com um novo leitor. Como? Através do Clube do Livro Lido, onde mensalmente se faria uma reunião para ouvir os comentários e mesmo haver a troca dos livros entre os interessados presentes. Temos que ler o tempo todo e não esperar o tempo chegar para ler. E chega de ‘lero-lero’, vamos deixar os entretantos e logo chegar aos finalmentes.
Meus oito anos – A infância é idealizada como um passado perdido de felicidade e inocência: ‘Óh que saudades que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, naquelas tardes fagueiras, à sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais!’ (Casimiro de Abreu)
Canção do exílio – O poeta revelando, com nacionalismo, a natureza do seu país: ‘Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores, nossos bosques têm mais vida, nossa vida tem mais amor’. (Gonçalves Dias)
Sensualismo de amar – Conflito sutil entre o amor platônico e o amor carnal. Medo e fuga do próprio desejo são características de romantismo: ‘Este fato e desconforto de amar. Como eu amo! Quem o pôs aqui em minha alma, quem foi? Esta chama que alenta e consome, que é a vida, e que a vida destrói. Como é que se veio a atear? Quando, óh quando se há de ela apagar?’ (Almeida Garret)
O ‘adeus’ de Teresa – O sentimento amoroso do poeta revela uma mulher próxima, amada, desejada, romântica, perto e distante: ‘A primeira vez que eu fitei Tereza, como as plantas que arrasta a correnteza, a valsa nos levou nos giros seus... E amamos juntos... E depois na sala ‘adeus’, eu disse-lhe a tremer com a fala... E ela corando, murmurou-me: ‘adeus’.
Uma noite... Entreabria-se a cortina... Da alcova saía um cavalheiro ainda beijando uma mulher sem véus... Era eu... Era a pálida Teresa! ‘Adeus’ lhe disse conservando-a presa... E ela entre beijos murmurou-me: ‘adeus!’.
Passaram tempo... Séculos de delírio, prazeres divinais... Mas um dia voltei aos lares meus. Partindo eu disse: ‘Voltarei... Descansa!...’ Ela, chorando mais que uma criança, ela em soluços murmurou-me ‘adeus!’
Quando voltei... Era o palácio em festa!... E a voz dela e de um homem, lá na orquestra, preenchiam de amor o azul dos céus. Entrei!... Ela me olhou branca... Surpresa! Foi a última vez que eu vi Tereza!... E ela arquejando murmurou-me: ‘adeus!’ (Castro Alves)
Reflexão – Cada livro, a ser lido, parece nos dizer: ‘Tenho em mim, todos os sonhos do mundo, e você faz parte deles’. ‘Esses moços, ah, pobres moços se soubessem o que eu sei, não passariam aquilo que eu já passei...’ (Álvares de Azevedo)
Nota - Não deixe jamais que, a insensibilidade de muitos, mate os seus sonhos. Deus é um ajudador. O complicado é você que não o quer compreender.
Antônio Valdo A. Rodrigues
Serra Negra-SP
E-mail: valdo11rodrigues@yahoo.com.br
